Resumo

O Polo Têxtil do Agreste Pernambucano ocupa a segunda posição em produção no país. Nele são produzidas milhões de peças para o mercado nacional, movimentando bilhões de reais (FCEM, 2019). Participante desse polo estão as lavanderias de jeans, que fazem parte do processo de produção do jeans na etapa de beneficiamento. Este setor enfrenta uma série de dificuldades como informalidade, fiscalizações, impactos ambientais, entre outros. Logo, entender a dinâmica organizacional a partir das competências gerenciais é um caminho metodológico para compreender a competitividade dessas organizações.

O estudo das Lavanderias de Beneficiamento Têxtil no Agreste e das competências gerenciais desenvolvidas nos gestores auxilia no entendimento deste competitivo setor regional, mesmo em posição periférica frente ao maior mercado consumidor nacional, que historicamente responde por empregos e renda e de importância central na economia no Estado. Deste modo a pesquisa busca analisar como as competências gerenciais estão presentes nos gestores das lavanderias de beneficiamento têxtil participantes da Associação das Lavanderias de Caruaru (ALC)?

As ações de gestores diante de situações complexas têm sido estudadas também a partir das competências gerenciais, de modo que Quinn (1988) desenvolveu um modelo que caracteriza tais competências em 8 papéis de gestores (Produtor, Diretor, Mentor, Facilitador, Coordenador, Monitor, Inovador e Negociador). Esse modelo é largamente utilizado para estudos envolvendo competências (FREITAS; ODELIUS; 2018) e adicionamos como teoria o desenvolvimento ou fontes de tais competências a partir de Le Boterf (1995), que envolve educação (formal e continuada) e experiência profissional e social.

Foi conduzido um estudo quantitativo, descritivo-exploratório junto aos empresários participantes da Associação das Lavanderia de Caruaru (ALC), mediante questionário que contou com 22 respondentes de um total de 33 associados (~67% do total), no mês de maio de 2019, com o instrumento de coleta de dados sendo adaptado da pesquisa de Comin et al. (2017). Os resultados foram analisados por meio de estatística descritiva e diferença de médias, incorporando a análise por tipo de desenvolvimento das competências, como educação formal e continuada e experiência profissional e social.

Os dados apontam para a consolidação das competências gerencias entre os participantes, alcançando média geral de 3,51 em uma escala de 4 pontos, com destaque para os papéis “Mentor”, “Facilitador” e “Produtor”. O papel com menor desenvolvimento entre os participantes foi “Inovador”. Quando avançamos na segmentação por tipo de desenvolvimento confirma-se que os participantes com experiência anterior possuem competências gerenciais mais desenvolvidas, porém, no que se refere a educação formal e continuada, os resultados são emblemáticos e contradizem a expectativa a partir de Le Boterf (1995).

Foi possível concluir que as competências gerenciais se mostram desenvolvidas no grupo de empresários, tendo a experiência profissional e social contribuindo com o desenvolvimento das competências gerenciais, reforçando o vínculo entre o fazer prático e performance, resultado diferente da relação entre a educação formal e continuada que não se relacionou ao desenvolvimento de tais competências.

COMIN, L. et al. Competências gerenciais: uma perspectiva dos gestores das empresas do agronegócio. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 1, p. 232-247, 2017. FREITAS, P.; ODELIUS, C. Competências gerenciais: uma análise de classificações em estudos empíricos. Cadernos EBAPE.BR, v. 16, n. 1, p. 35-49, 2018. LE BOTERF, G. De la compétence: Essai sur un attracteur étrange. Paris: Editions d'Organisation, 1995. QUINN, R. Beyond rational management: Mastering the paradoxes and competing demands of high performance. New Jersey: JosseyBass, 1988.