Resumo

Mudanças nas expectativas da sociedade em relação as empresas nas últimas décadas influenciaram a maneira como as indústrias extrativas conduzem as suas operações. É consenso que as empresas devem receber uma “autorização” que não se baseia somente em conformidade legal, mas também sobre o grau em que uma empresa é aceita e a confiança que ela transmite. A literatura tem avançado para a discussão dos fatores de influência, ou seja, as percepções da comunidade que auxiliam para maior ou menor aceitação e confiança na empresa. Nesse contexto, esta pesquisa tem como objetivo verificar como esses

A combinação dos fatores da licença Social para Operar – LSO pode resultar em melhores níveis de confiança entre empresas, instituições e comunidade local, permitindo que os atores reconheçam os custos e os benefícios resultantes da mineração. Um dos fatores é a existência de um ambiente de governança colaborativa local. Nesse contexto, esta pesquisa tem como objetivo verificar como esses fatores influência influenciam no processo de aceitação de um projeto mineral no interior do Pará. Para atender ao objetivo, a abordagem metodológica privilegiou as entrevistas em profundidade com representan

A LSO tem suas bases nos boletins técnicos dos setores extrativos (Moore, 1996). Seu desenvolvimento tardou a ser entendido como uma ferramenta de gestão. A literatura mostra que se trata de um processo multidimensional no qual se destaca a percepção dos benefícios (Hilson, 2002; Campbell e Roberts, 2010; Esteves, 2008), o diálogo (Mercer-Mapstone, 2019), a transparência das ações da empresa (Boutilier, 2017) práticas governança colaborativa (Prno e Slocombe, 2014). Para a pesquisa priorizou-se: benefícios e impactos percebidos, o relacionamento entre a empresa e a localidade a partir da tra

O estudo, de caráter exploratório qualitativo busca, a partir da base teórica, identificar e analisar insights/padrões sobre os fatores influência para a LSO. A pesquisa privilegiou as entrevistas de campo em profundidade com as instituições locais e a análise de conteúdo para a busca de padrões emergentes. A partir dos fatores da LSO apresentados na base teórica, desenvolveu-se o questionário para a coleta de dados e a análise das percepções dos representantes das instituições locais. Foram aplicadas entrevistas em profundidade, organizadas em um roteiro qualitativo.

Os resultados demostram desafios locais para a concessão e manutenção da LSO da empresa mineral. A falta de um ambiente de governança colaborativa é uma das principais questões identificadas, tendo em vista que as instituições locais atuam de forma pontual e isolada. O ambiente fragmentado em relação a governança, influencia negativamente o processo da LSO, considerando que a governança colaborativa como o principal fator determinante para a LSO (Prno e Slocombe, 2014). Torna-se essencial o envolvimento das instituições locais ao longo do ciclo de vida da mineração para garantir a sustentabili

Os fatores LSO encontrados de forma incompleta influenciaram negativamente a governança colaborativa. A fragilidade do processo resultou em uma falta de informação das instituições sobre as próximas etapas do processo mineral e um baixo envolvimento nos debates sobre o futuro e diversificação econômica. Nesse sentido, é possível inferir a necessidade das empresas minerais atuarem nos fatores LSO, focando uma distribuição equitativa dos benefícios e a minimização dos impactos. O fomento do diálogo permanente pode contribuir para um ambiente de governança, aceitação e confiança da localidade na

Ansell, c.; Gash, a. (2007) Collaborative governance in theory and practice. Berkeley Journal of Public Administration Research and Theory Advance, v.18, n. 4, p. 543-571. Bahr, Kkyle; Masami, Nakagawa (2017). The effect of bidirectional opinion diffusion on social license to operate. Environ Dev Sustain. 19:1235–1245 Bainesa, James; Edwardsb, Peter; Baines, Taylor. (2018) The role of relationships in achieving and maintaining a social licence in the New Zealand aquaculture sector. New Zealand Forest Research Institute, PO Box 10345, The Terrace, Wellington 6143, New Zealand Aquaculture 485.