Resumo

O atendimento dos serviços de saneamento básico no Brasil está centrado principalmente em empresas estatais responsáveis por levar atualmente água tratada a mais de 121 milhões de brasileiros e em relação à coleta de esgoto a cerca de 70 milhões de pessoas. A gestão de negócios destas empresas estatais deve estar associada a qualidade na prestação dos serviços com uma administração eficiente dos custos, uma vez que os recursos são sempre escassos. A qualidade é tema de extrema importância nesse mercado, tanto na prestação dos serviços, como no produto final distribuído – água potável.

A questão a ser equacionada é como os gestores das empresas estatais de saneamento em operação no Brasil consideram o processo de qualidade quando da elaboração dos respectivos planejamentos estratégicos, uma estratégia empresarial ou de operação. O trabalho objetiva abordar como a gestão da qualidade pode ser um fator decisivo no planejamento estratégico das empresas de saneamento básico em operação no Brasil, preocupadas em como manter as vantagens competitivas alcançadas ao longo de todos estes anos e a qualidade do produto final disponibilizado.

A fundamentação teórica aborda sobre estratégia empresarial nas empresas de saneamento básico, setor caracterizado principalmente pela irrelevância da concorrência devido ao monopólio natural. Adicionalmente, discorre sobre estratégia de operações e gestão da qualidade, pontuando como o tema “qualidade” historicamente abordado mais como Gestão de Operações passa a adentrar também nos limites de Gestão Estratégica.

A pesquisa realizada é quantitativa por meio do envio de questionários para respondentes que exercem suas atividades profissionais junto às empresas de saneamento básico. A estratégia de pesquisa foi focada em perguntas relacionadas a qualidade do serviço prestado e serviu para obter dados acerca da abordagem da gestão de qualidade que possibilitem avaliar se a qualidade está inserida no ambiente organizacional e em todos os níveis da organização.

O retorno efetivo foi de 68% da amostra. A pesquisa aponta que mais de 76% dos respondentes indicam que o processo de qualidade é uma estratégia empresarial. Para 17,7% dos respondentes, afirmando que o planejamento estratégico destas empresas é voltado para a estratégia de operações.

Há a comprovação de que o processo de qualidade é muito importante para as empresas de saneamento, alcançado mais de 95%, quando indagados aos respondentes, o que indica que é cada vez mais crescente a preocupação com o tema, seja, pela administração pública, seja, pelo aumento das exigências imputadas pelos clientes e a sociedade, de forma geral. Há clara manifestação quanto as vantagens competitivas quando da adoção do processo de qualidade pelas empresas em pauta, garantido, não somente o retorno financeiro desejado, mais também a melhoria da imagem da cadeia como um todo.

CORRÊA, H. L. Administração de produtos e operações: Manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 3ª edição. Editora Atlas: São Paulo, 2012. DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990. MADEIRA, R. F. O setor de saneamento básico no Brasil e as implicações do marco regulatório para universalização do acesso. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, n. 33, p. 123-154, jun. 2010.