Resumo

A bioeconomia, apesar de não se tratar de uma proposição teórica nova, tem sua gênese na década de 1970, vem ganhando relevância e visibilidade a partir da década de 2010. A discussão se faz por meio de diferentes atores sociais e cada abordagem busca na conceituação do termo, legitimar a sua proposição ante as demais. Disto, tem-se que, apesar de concordantes em determinados aspectos, também diferem entre si, garantindo uma diversidade de acepções, assim como discrepâncias entre detalhamento das políticas, bem como quanto à necessidade ou não de atender as dimensões da sustentabilidade.

A problemática central tratada nesta pesquisa envolve “quais são as principais concepções teóricas de bioeconomia e de que forma são apresentadas na literatura?” A proposta deste trabalho é identificar as emergentes abordagens conceituais mais publicadas. Especificamente, pode-se identificar os campos científicos em que o termo bioeconomia está presente, quais são principais autores, as organizações envolvidas, como partes interessadas centrais e catalogar suas interpretações.

A bioeconomia visa a resolver conflitos relacionados à segurança alimentar, à mitigação das mudanças climáticas, à promoção da saúde global, à reestruturação industrial e à segurança energética (BUGGE; HANSEN; KLITKOU, 2016). Como benefícios potenciais da transição de uma economia baseada em recursos fósseis podem ser indicados à redução das emissões dos de Gases Efeito Estufa (GEE), uma menor submissão das necessidades energéticas a compostos como petróleo, gás natural e seus derivados, além de um manejo mais inteligente dos recursos naturais e geração de empregos (MCCORMICK; KAUTTO, 2013).

Foram identificados 92 trabalhos científicos entre artigos de periódicos e de congressos, livros e capítulos de livro e analisados por meio da bibliometria e análise de conteúdo. A bibliometria evidenciou o aumento do interesse na bioeconomia ao longo da última década, bem como os artigos, autores, periódicos, instituições de pesquisa e palavras-chave mais representativas. A análise de conteúdo resultou em três classes de palavras. A primeira refere-se ao conceito de bioeconomia e suas aplicações e as outras separadas em pesquisa empírica e pesquisa teórica com suas principais abordagens.

Foram selecionados 1.869 trabalhos científicos, após a utilização dos filtros estabelecidos nos procedimentos metodológicos. Pode-se perceber que há uma tendência de crescimento do número de publicações sobre a Bioeconomia, desde a década de 1990, sendo evidenciado um crescimento mais acentuado, a partir da década de 2010. De maneira geral, pelas abordagens, a academia busca se aprofundar a discussão sobre o que exatamente é a Bioeconomia, as limitações, perspectivas e usos, bem como inconsistências e/ou divergências conceituais com outros termos

Apesar de a bioeconomia surgir como área do conhecimento logo após a década de 1970, apenas após o primeiro decênio do século XXI que este tema toma relevância, principalmente em termos quantitativos, na produção acadêmica. Foram selecionados 92 artigos que abordam o conceito de bioeconomia. Observou-se a concentração de estudos no continente europeu em detrimento de pesquisas nos países em desenvolvimento e nas grandes potências industriais do planeta como China e EUA, o que alerta para a necessidade de aproximação da academia à realidade desses países.

MCCORMICK, K.; KAUTTO, N. The Bioeconomy in Europe: An Overview. Sustainability (Switzerland), v. 5, n6, p2589-2608,2013. BIRCH, K.; TYFIELD, D. Theorizing the Bioeconomy: Biovalue, Biocapital, Bioeconomics or… What? Science Technology and Human Values, v38, n3, p299-327.2013. D'AMATO, D.; et. al. Green, circular, bio economy: A comparative analysis of sustainability avenues. Journal of Cleaner Production, v168, p716-734.2017. SCHMID, O.; PADEL, S.; LEVIDOW, L. The bio-economy concept and knowledge base in a public goods and farmer perspective. Biobased and Applied Economics, v1, n1, p47-63,20