Resumo

Título do Artigo

AÇÃO COLETIVA DE MULHERES EXTRATIVISTAS E OS ODS
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Autores

Nome
1 - Cilene dos Anjos Marcondes
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) - CORS Responsável pela submissão
2 - Maria Sylvia Macchione Saes
-
3 - Paula Sarita Bigio Schnaider Nissimoff
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) - Departamento de Administração

Reumo

A gestão dos recursos naturais, como floresta, rios, lagos ou outros bens de uso comum tem reflexo direto nos impactos desses ecossistemas e em seus ODS correlatos. O extrativismo compreende, portanto, uma série de elementos e fatores que são fundamentais para a Agenda 2030. No entanto, os ODS apresentam uma deficiência ao fazer a correlação desses objetivos com o papel que as mulheres desempenham fornecimento dos serviços agroflorestais. Esta pesquisa analisa a ação coletiva de duas associações de mulheres extrativistas no Cerrado para identificar como suas atividades afetam os ODS.
Quando se fala em extrativismo, as mulheres representam a maior parte da força de trabalho, porém seu papel na estrutura familiar e social ainda precisa ser fortalecido. O estudo busca identificar, por meio de estudos de caso, como os princípios desenvolvidos por Elinor Ostrom (1990) podem ser compreendidos quando aplicados a grupos formados exclusivamente por mulheres e quais as contribuições para os ODS. Assim, pretende-se responder à seguinte questão: Quais as relações entre a governança de bens comuns geridas por mulheres e a preservação dos recursos naturais em atividades extrativistas?
Em Governing the Common, Ostrom (1990) mostra experiências bem-sucedidas na gestão coletiva de sistemas de bens naturais comuns por longos períodos, explicando porque os indivíduos não se comportam sempre como o previsto por Hardin (1968) em sua “Tragédia dos Comuns”. Já Argwal (2010) considera que as discussões sobre gestão de bens comuns ou ação coletiva em torno das florestas não dão a devia atenção aos interesses de gênero – e quando existe essa perspectiva fica restrita a "questões de equidade e participação limitada das mulheres".
A presente pesquisa aplicou o estudo de caso junto a duas associações de mulheres extrativistas de frutos do Cerrado, em Anastácio (MS). O objetivo foi aplicar a análise qualitativa, via uso do software NVivo, junto a transcrição das entrevistas realizadas com as integrantes para elencar quais são os ODS mais percebidos pelas próprias mulheres extrativistas em suas narrativas e registros, e a forma como a ação coletiva desenvolvida por elas pode influenciar para que se atinja as metas previstas nos ODS. Foram realizadas duas viagens de campo.
A análise do NVivo totalizou 245 citações dos conceitos previamente definidos. Dessas citações, 112 foram de ODS. O mais citado no estudo foi o ODS 15. A segurança alimentar e a produção de alimentos de forma sustentável é outro impacto gerado pela atividade extrativista dos grupos. No aspecto pessoal e familiar, o empoderamento dessas mulheres se reflete na autonomia de tomada de decisões, dentro e fora dos grupos, bem como na rede de apoio, afeto e trocas que têm construído em suas trajetórias e que estão transferindo para as novas gerações.
A análise mostrou que a ação coletiva dos grupos de mulheres de Anastácio (MS) é capaz de promover resultados econômicos, sociais e ambientais que vão além das associações e suas integrantes. Os ganhos são expandidos para as comunidades onde estão inseridas e, em um contexto maior, em uma rede de gestão de recursos naturais comuns. A questão familiar também merece estudos específicos que ajudem a compreender a complexidade dos arranjos coletivos e a composição familiar, especialmente no que se refere às mulheres.
Agarwal B (2010). Gender and Green Governance: The Political Economy of Women’s Presence Within and Beyond Community Forestry.. De Jong, W., Pokorny, B., Katila, P., Galloway, G., & Pacheco, P. (2018). Community forestry and the sustainable development goals: A two way street. Forests Hardin, G. The tragedy of the commons. Science, v. 162, p. 1244-1248, 1968. Ostrom, E. (1990). Governing the commons: The evolution of institutions for collective action. Ostrom, E., & Walker, J. (Eds.) (2003). Trust and reciprocity: Interdisciplinary lessons for experimental research.