Resumo

Título do Artigo

Resgatar a cidade pelos espaços públicos: uma reflexão a partir dos parques que margeiam a Represa Guarapiranga, em São Paulo
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Tema

Políticas Públicas para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Pedro de Alvarenga Macedo Fernandes
EACH - USP - EACH - USP Responsável pela submissão
2 - Tania Pereira Christopoulos
EACH - USP - EACH

Reumo

Desde a consolidação do modelo de desenvolvimento urbano neoliberal em São Paulo, ainda no século XX, a cidade vivenciou um processo acentuado de segregação socioespacial e supressão de espaços públicos de convivência. Desse processo surgiram as periferias, que ocuparam áreas estratégicas para a conservação de mananciais, como as margens da Represa Guarapiranga. O processo de criação de parques municipais em torno da represa levanta um debate sobre o papel desses espaços públicos na luta pelo direito à cidade.
O artigo tem o objetivo de analisar a importância dos espaços públicos na inclusão social e no resgate da sociabilidade nas cidades, utilizando os parques que margeiam a Represa Guarapiranga como estudo de caso.
Uma das faces mais cruéis da lógica mercadológica está no que Lefebvre (2008) chama de “destruição da urbanidade”, a tentativa de expulsão dos mais pobres das cidades. Essa perspectiva, trazida para a realidade brasileira, nos remete às periferias (BONDUKI; ROLNIK, 1979). Para além dos serviços ambientais, os parques urbanos devem ser vistos como locais estratégicos para a melhoria da qualidade de vida. Essas áreas verdes desempenham um papel essencial no aprimoramento da vida urbana, por seu caráter acessível e democrático (MAGNOLI, 2006).
O artigo utiliza a estratégia de pesquisa do Estudo de Caso Único (YIN, 2001), a partir da observação dos parques urbanos que margeiam a Represa Guarapiranga, em São Paulo. Foram utilizados como base principal para a obtenção de dados os Relatórios de Intervenção para Uso Público da UMAPAZ, enriquecidos com produções científicas obtidas a partir de revisão de literatura. Foram consultadas as bases de dados Scielo; Web of Science e Google Acadêmico.
Os parques analisados demonstraram graves problemas de manutenção, falta de participação social efetiva na gestão desses espaços e uma ausência de políticas governamentais para o estímulo ao uso público dessas áreas, seja para o lazer, a cultura ou a educação ambiental (UMAPAZ, 2018; UMAPAZ, 2018). Em uma reprodução das características intrínsecas das periferias brasileiras, os parques estudados também se mostraram, em muitos quesitos, desassistidos pelo Estado, além de fortemente influenciados por uma visão de gestão neoliberal.
Os parques Guarapiranga e Linear São José são exemplos representativos de como os espaços públicos vivem ainda hoje uma realidade de desvalorização, herdada do pensamento neoliberal que influenciou a gestão pública em São Paulo ao longo do século XX. A subexploração desses locais do ponto de vista do uso público revelam uma visão limitada do poder público em relação aos parques urbanos como lócus de construção do direito à cidade e de resgate da sociabilidade. Desperdiça-se, assim, oportunidade de se ter uma cidade mais humanizada e inclusiva, sobretudo nas periferias.
BONDUKI, N.; ROLNIK, R. Periferias: ocupação do espaço e reprodução da força de trabalho. Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 1979. LEFEBVRE, H. O Direito à Cidade: São Paulo: Centauro, 5ª edição, 2008. MAGNOLI, M. M. O parque no desenho urbano. Paisagem e Ambiente, N. 21, 2006. UMAPAZ. Relatório Propositivo de Intervenção para o Uso Público: Parque Guarapiranga. São Paulo, 2018. UMAPAZ. Relatório Propositivo de Intervenção para o Uso Público: Parque Linear São José. São Paulo, 2018. YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.