Resumo

Título do Artigo

GASTOS AMBIENTAIS DEPENDEM DE FOLGA FINANCEIRA? ESTUDO LONGITUDINAL NO BRASIL
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Tema

Finanças sustentáveis, economia e contabilidade

Autores

Nome
1 - José Glauber Cavalcante dos Santos
Universidade Federal do Ceará - UFC - FEAAC Responsável pela submissão
2 - Alessandra Carvalho de Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará - UFC - Universidade Federal do Ceará

Reumo

De acordo com Lys, Naughton e Wang (2015), gastos ambientais são realizados quando a gestão das firmas prospectam forte desempenho financeiro futuro, suportando a tese de que a “caridade corporativa” se sustenta apenas quando há excedente financeiro. A literatura (Boso et al., 2017; Campbell, 2007; Daniel et al., 2004; Hong; Kubik, & Scheinkman, 2012; Waddock & Graves, 1997) sinaliza que se a folga financeira cresce, também se eleva a predisposição da empresa em realizar gastos ambientais.
As condições de escassez de recursos e restrição financeira, busca por crescimento econômico acelerado e limitações do ambiente institucional nesses mercados (restrição ao capital e fraco desenvolvimento do mercado de capitais) são barreiras à realização de gastos ambientais (Boso et al., 2017; Lee, 2015). A pesquisa tem como objetivo examinar se os gastos ambientais são influenciados pela folga financeira em empresas brasileiras de capital aberto.
Uma parcela da literatura defende que a realização de gastos ambientais sofre influência de maiores níveis de folga financeira (Campbell, 2007; Hong et al.,, 2012; Lys et al., 2015; McGuire, Sundgren, & Schneeweis, 1998; Surroca, Tribó, & Waddock, 2010; Waddock & Graves, 1997). Defende-se que o excedente financeiro justifica a diversificação de objetivos da empresa com foco em atividades que não são essencialmente operacionais. Aldrighi e Bisinha (2010) indicam que a variação na disponibilidade de recursos internos interfere no nível efetivo de investimentos em áreas estratégicas.
A amostra foi constituída pelas empresas que possuíam gastos ambientais na base de dados no período de 2008-2018. Foram identificadas 53 (13%) que tinham, em ao menos um dos anos, dados sobre gastos ambientais, totalizando 308 observações. Como proxies, considerou-se a proporção dos gastos ambientais em relação à receita (Boso et al., 2015; Pekovic et al., 2018). e foram analisados três enfoques da folga financeira: i) disponibilidades; ii) geração de caixa; e iii) restrição financeira (Daniel et al., 2004; Lamont, Polk & Saá-Requejo, 2001; Lee, 2015). Foram processadas regressões em painel.
Além da baixa frequência de gastos ambientais, prevalece o baixo nível de "investimento", uma vez que a participação dos gastos no faturamento é pouco expressiva nas empresas estudadas. Os resultados dos modelos demonstram que a folga financeira têm relação com os gastos ambientais das empresas, mas o "sinal" dessa relação depende do nível de análise lançado a essa variável. Nesse cenário, entre as empresas que gastam com meio ambiente, a gestão tem optado por manter dinheiro em caixa em vez de aplicá-lo em atividades de preservação, proteção, controle e correção ambiental.
As firmas podem privilegiar uma condição financeira superior abrangente em relação a análises de aspectos individuais ao avaliar a realização de gastos com meio ambiente. Isso pode ser notado pelos sinais invertidos das medidas de folga financeira baseadas nas disponibilidades e na restrição financeira, especificamente. A hipótese levantada não pode ser rejeitada, desde que sejam considerados na avaliação da folga financeira múltiplos indicadores que possibilitam uma panorama mais claro acerca da condição das empresas em relação à capacidade de financiar esses dispêndios.
Boso, N., Danso, A., Leonidou, C., Uddin, M., Adeola, O., Hultman, M. Does financial resource slack drive sustainability expenditure in developing economy small and medium-sized enterprises? Journal of Business Research, 80, 247-256. Barnett, M. L., & Salomon, R. M. (2012). Does it pay to be really good? Addressing the shape of the relationship between social and financial performance. Strategic Management Journal, 33, 1-17. Waddock, S. A., & Graves, S. B. (1997). The corporate social performance-financial performance link. Strategic Management Journal, 18, (4), 303-319.