Resumo

Título do Artigo

Ecoeficiência em cervejarias artesanais: um estudo de casos múltiplos
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Tema

Gestão Ambiental

Autores

Nome
1 - Felippe Paolucci de Andrade
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP) Responsável pela submissão
2 - Maísa de Souza Ribeiro
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP) - fea-rp

Reumo

A produção de cerveja artesanal vem ganhando espaço no mercado brasileiro, visto que os consumidores buscam um produto de maior qualidade e inovador. Entretanto, as microcervejarias correm o risco de adotar hábitos nocivos comuns ao próprio setor, no que concerne ao desperdício de água, alto consumo de energia e geração de resíduos sólidos. Entende-se que um diagnóstico das práticas de Produção Mais Limpa (P+L) pode colaborar para a ecoeficiência do negócio, atendendo às necessidades financeiras desse subsetor e contribuindo com o benefício socioambiental.
Considerando as restrições financeiras das microcervejarias e a necessidade de se consolidarem sustentavelmente no mercado, o objetivo desta pesquisa consiste em investigar o nível de ecoeficiência das cervejarias artesanais a partir da aderência às práticas de P+L e seus impactos econômicos, realizando-se, para isso, as seguintes etapas: i) identificação das práticas de P+L recomendadas pela Cetesb; ii) identificação das práticas de P+L adotadas pelas cervejarias artesanais e; iii) verificação da relação entre impactos financeiros e práticas de P+L adotadas.
A aplicação de práticas de P+L colabora para o meio ambiente e agrega à organização em produtividade e custos (Andrade, E., Andrade, F. & Santos, 2016). Portanto, pode resultar em aumento da ecoeficiência, filosofia de gestão que busca melhorias ambientais que potenciem benefícios econômicos (WBCSD, 2000). Estudos anteriores investigaram a aplicabilidade em cervejarias, considerando, individualmente, água (Medeiros, 2017), energia (Schaltegger et al., 2012) e resíduos (Kerby & Vriesekoop, 2017). Este se diferencia por congregar todas as variáveis conjuntamente, no subsetor artesanal.
Consiste em estudo de casos múltiplos, no qual participam três das oito cervejarias artesanais do Polo Cervejeiro de Ribeirão Preto. A coleta dos dados deu-se por meio de visita técnica e aplicação de entrevistas semiestruturadas aos gestores e/ou responsáveis pelo processo de produção. Ainda, utilizou-se a pesquisa documental para a elaboração dos quadros a serem preenchidos com os resultados obtidos na pesquisa de campo. O Guia de Práticas de Produção Mais Limpa desenvolvido pela Cetesb foi utilizado para parâmetro das medidas preventivas esperadas para o tipo de negócio em questão.
A partir do nível de adesão em práticas de P+L investigado e dos indicadores de consumo de recursos e geração de subprodutos informados foi possível verificar que quanto maior aquele, menor o consumo de recursos e, assim, o custo com eles. Contudo, diversas práticas, como o controle de fluxo e vazão de água, tratamento de efluentes e cogeração de energia não são aplicadas por esse subsetor, presumidamente, pela baixa disponibilidade de recursos financeiros e de espaço físico, conforme também foi encontrado na literatura (Korsakiene et al., 2015; Kubule et al., 2016, Ortiz, 2014, entre outros).
A partir do diagnóstico identificado, constatou-se que o nível de ecoeficiência é proporcional à adoção de práticas de P+L. A empresa que mais adere às recomendações produz mais com menos, demonstrando a conversão em impactos econômicos positivos. As demais estiveram em posição menos vantajosa. A busca pela ecoeficiência é vital para atingir os ODS, seja pela contenção do consumo de água e energia, pela redução do volume de resíduos do processo produtivo, pelos benefícios econômicos decorrentes ou, ainda, pela preservação do meio natural em que a empresa está instalada.
Andrade, E., Andrade, F. & Santos, 2016; Medeiros, 2017; Kerby & Vriesekoop, 2017; Korsakiene et al., 2015; Kubule et al., 2016, Schaltegger et al., 2012; Ortiz, 2014; WBCSD, 2000.