Resumo

As emissões veiculares representam, em média, 22% de toda as emissões do planeta. As emissões veiculares são uma das fontes com maior participação na poluição nas áreas urbanas. A poluição externa foi responsável por 20 mil mortes no Brasil e 1,15 milhões em todo mundo, correspondendo a cerca de 2% do total de óbitos. No Brasil, o uso de combustível oriundo de energia primária para o transporte é responsável por emitir 204 MtCO2e, a parcela dedicada ao uso do diesel é 55% ou 113 MtCO2. Com isso, as autoridades buscam políticas para a mitigação de emissões, como a adição de biodiesel.

Entende-se como relevante a busca por meios de estimar as emissões provenientes do consumo de diesel a nível de cidades em centros urbanos de maneira eficiente e de baixo custo. A presente pesquisa foi motivada pela ausência de estudos anteriores que utilizam uma abordagem top-down para verificar as emissões de dióxido de carbono e material particulado a nível de cidades, a fim de analisar a série histórica e o impacto de políticas de mitigação de emissões.

Os veículos pesados, que utilizam diesel são os principais responsáveis por emissões de CO2 e MP, pois partículas de HC auxiliam na formação de NOx e dióxido de enxofre SOx. Apesar das emissões veiculares não respeitam fronteiras políticas ou geográficas, é válido realizar estudos focados nas emissões dentro de fronteiras dada a concentração urbana e densidade de emissões. Para realizar estudos desta natureza geralmente é demandado um alto custo, advindo de sensores, softwares simuladores e pessoal especializado segundo metodologias botton-up.

O objetivo é analisar o impacto da adição do biodiesel no consumo de diesel através da estimativa das emissões de CO2 e MP do transporte rodoviário a diesel na cidade do Rio de Janeiro, pois somente 2% de todo diesel consumido não é proveniente do consumo veicular. O processo metodológico é desenvolvido através do volume de diesel consumido de forma regional e não da frota circulante de veículos, essa diferenciação é uma alternativa adequada e de baixo custo para mensurar as emissões em cidades que não possuem dados da frota circulante, como a cidade do Rio de Janeiro.

Para realizar a análise dos dados, utilizou-se da regressão linear múltipla através da análise da variância (ANOVA). Neste caso, com variável dependente o consumo de biodiesel (y), e as variáveis independentes emissões de CO2 e MP (x1 e x2). A amostragem inicia-se em 2001 e termina em 2016, pois no ano de 2005 ocorre a primeira adição de 2% de biodiesel, e de forma paulatina até alcançar 7% de concentração no diesel. Os resultados foram gerados pelo Software Gretl 2019a, onde é possível ver um maior impacto do biodiesel nas emissões de CO2 que em MP.

Somente a adição do biodiesel como estratégia para reduzir as emissões de CO2 e MP, não produz efeitos satisfatórios, pois os resultados são perceptíveis somente na queima de combustível. O biodiesel não influência no desempenho das emissões de particulados provenientes dos pneus, freios e pistas. A adição de biodiesel pode retardar os efeitos no curto prazo, contudo os acréscimos na venda de veículos, pode aumentar a poluição e a degradação do meio ambiente.

Air Quality Expert Group. (2007). Air quality and climate change: a UK perspective. London: Department for Environment, Food and Rural Affairs. De Oliveira, C.M., D Agosto, M.D.A. (2017). Guia de Referências em Sustentabilidade: Boas Práticas para o Transporte de Cargas. Russell, Stephen. (2016). A Recommended Methodology for Estimating and Reporting the Potential Greenhouse Gas Emissions from Fossil Fuel Reserves. Working Paper. World Resources Institute. Carslaw DC. (2005). Evidence of an increasing NO2/NOX emissions ratio from road traffic emissions. Atmos Environ 39: 4793–802.