Resumo

Sociedades e organizações começam a repensar suas práticas em relação ao consumo, pois o avanço das constantes trocas culminou no consumismo exacerbado. Como alternativa, surge a chamada economia compartilhada ou o consumo colaborativo, fenômeno emergente que oferece aos consumidores possibilidades de compartilhamento, troca, negociação ou aluguel (BOTSMAN; ROGERS, 2011). Embora os termos de economia e consumo com base no compartilhamento sejam frequentemente discutidos nos meios de comunicação, a pesquisa acadêmica sobre este tópico ainda é limitada (HABIBI; KIM; LAROCHE, 2013).

As discussões sobre as teorias que envolvem a temática da economia e consumo com base no compartilhamento concentram-se em países europeus e norte-americanos, além disso, percebe-se um esforço de autores, por exemplo Cheng (2016), na revisão de publicações a nível internacional. No Brasil, ainda que seja incipiente, oportunidades surgem de práticas coletivas no contexto do país, mas ainda não realizaram uma busca da produção nacional. Portanto, o objetivo do presente artigo é identificar o panorama de publicações brasileiras sobre economia compartilhada e consumo colaborativo.

Maurer et al. (2015) demonstram que a mudança de mentalidade de posse e preocupação com a coletividade estão relacionadas às novas relações de consumo. O compartilhar além de ser provavelmente o tipo mais antigo de consumo, é distinto e crítico na pesquisa do consumidor (BELK, 2010). Os termos "economia compartilhada" e "consumo colaborativo" estão entre os mais populares para descrever o fenômeno como compartilhamento ponto a ponto de acesso a bens e serviços subutilizados, o que prioriza a utilização e a acessibilidade sobre a propriedade (SCHOR; FITZMAURICE, 2015).

Trata-se de um estudo descritivo, utilizando-se do método da bibliometria, para tanto, seguiu-se os indicadores bibliométricos sistematizados por Soares; Picolli; Casagrande (2018) e o protocolo para a pesquisa foi o definido por Cronin; Ryan; Coughlan (2008). Optou-se em realizar buscas em repositórios, como o indexador SPELL, SciELO e a BDTD, usou-se as palavras-chaves mais frequentes na área. Para o tratamento das frequências, geração de quadros e gráficos foi utilizado o editor de planilhas Excel e para a criação da nuvem de palavras o criador de arte online WordArt.

Foi identificado que a produção nacional possui menos de 10 anos, com caráter acadêmico e dispersas, ainda assim, possuem uma tendência de crescimento. As publicações nacionais possuem algumas diferenças quanto as internacionais, mas prevalecem as semelhanças, como maioria de autores que com uma publicação; a inexistência de grupos de pesquisa; a falta de periódicos específicos; estudos majoritariamente qualitativos; foco das áreas de gestão e turismo. Adicionalmente, as categorias temáticas encontradas possuem respaldo nas tendências internacionais.

Mediante o objetivo, expôs um panorama das publicações nacionais sobre economia compartilhada e consumo colaborativo. Com isso, é possível despertar o interesse do campo prático para a área, principalmente no campo do turismo e hospitalidade. No campo teórico, oferece subsídios da relação sobre as publicações em termos de índices, fundamentos metodológicos e abordagens temáticas, como apoio à direção de estudos futuros. Com ambição, os achados podem servir como insights para a literatura nacional, consumidores, autoridades reguladoras e modelos de negócios existentes e novos.

BOTSMAN, R.; ROGERS, R. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo. Porto Alegre: Bookman, 2011. E-book. BELK, R. Sharing. Journal of Consumer Research, v. 36, n. 5, p. 715–734, 2010. CHENG, M. Sharing economy: A review and agenda for future research. International Journal of Hospitality Management, v. 57, p. 60–70, 2016. MAURER, A. M. et al. Yes, we also can! O desenvolvimento de iniciativas de consumo colaborativo no Brasil. BASE - Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, v. 12, n. 1, p. 68–80, 2015.