Resumo

O Turismo de Base Comunitária (TBC) se caracteriza como um estilo de turismo sustentável. O TBC aproxima os atores de uma comunidade na busca por soluções de cunho socioambiental e sociopolítico, utilizando o turismo atrelado com a realidade cotidiana da comunidade e fazendo com que os turistas vivenciem essas rotinas com parte da experiência que buscam (GÓMEZ et al, 2015).

O TBC possui aspectos importantes que devem ser considerados quando pensa em seu desenvolvimento, como o fato de a população local ser responsável por sua gestão, preservação e valorização do meio ambiente, desenvolvimento social e valorização cultural, utilizar das rotinas da comunidade como plano turístico, além disso, é importante que o segmento proporcione renda e seja autossustentável. Nesse contexto o presente artigo se propõe a analisar o potencial desenvolvimento do TBC em Bonito-MS.

O TBC é um modelo turístico sustentável que tem o objetivo de ser uma atividade conjunta da comunidade. Quando a comunidade assume a gestão do turismo, ela tende a desenvolver um sentimento de valorização de seu patrimônio social, cultural e ambiental (SEBELE, 2010). Para Coriolano e Sampaio (2012), o TBC integra em seu escopo fatores sociais, culturais e ambientais, além de tratar as rotinas da comunidade como uma forma de turismo, contrapondo o turismo convencional, que baseia suas ações em opções de maximização de capital, por vezes desconsiderando aspectos socioambientais.

A pesquisa tem um caráter exploratório com uma abordagem qualitativa. Para o desenvolvimento da pesquisa escolheu-se como localidade o município de Bonito-MS. Na coleta de dados utilizou-se entrevista com dez integrantes do trade turístico. Foram propostos cinco elementos que compõe o TBC: 1. Gestão comunitária; 2. Valorização ambiental; 3. Valorização história e cultural; 4. Rotina da comunidade como parte do turismo e; 5. Negócio rentável/sustentável. Os dados coletados foram tratados de acordo com a análise de conteúdo.

Com base nos dados coletados na pesquisa foi possível notar um incentivo à preservação do local, em que as práticas turísticas tendem a evidenciar a preservação, principalmente do patrimônio ambiental. Outro ponto que chama a atenção por ter relação com os preceitos do TBC é o fato de alguns empreendimentos utilizarem de suas rotinas como forma de turismo, aproximando o turista da comunidade. Contudo, existe uma distância no que diz respeito à gestão comunitária e comercialização do TBC.

Identificaram-se práticas que incluem o meio ambiente no escopo turístico; a história e cultura local não são vistas como protagonistas; há falta apoio e inciativa do poder público; são poucas e não são ações conjuntas que promovem atividades na comunidade e, por fim, que é preciso estruturar a comercialização do TBC. Talvez inicialmente para estruturar o TBC pudesse haver um agente coordenador que integrasse o trade turístico, mas que, com o tempo, promovesse a autogestão do TBC. Contudo, pode-se considerar que há uma estrutura física pronta para o desenvolvimento do TBC.

CORIOLANO, L. N.; SAMPAIO, C. A. C. Discursos e concepções teóricas do desenvolvimento e perspectivas do turismo como indução. In: BRASILEIRO, M. D. S., MEDINA, J. C.; CORIOLANO, L. N. (orgs). Turismo, Cultura e Desenvolvimento. Campina Grande: EDUEPB, 2012. GÓMEZ, C. R. P. ; et al. Turismo de base comunitária como inovação social: congruência entre os constructos. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, v. 13. n. 5. 2015. SEBELE, L. S. Community-based tourism ventures, benefits and challenges: Khama Rhino Sanctuary Trust, Central District, Botswana. Tourism Management, v. 31, 2010.