Resumo

As apresentações virtuais ao vivo, conhecidas como lives, ganharam força durante a pandemia do COVID-19 (INFOR CHANNEL, 2020). Diversos artistas tiveram que cancelar seus shows presenciais, encontrando nas lives um meio de interagir com o público. Durante as lives, os artistas colaboram com instituições, como UNICEF, Cruz Vermelha Brasileira, entre outras (G1, 2020), incentivando os espectadores a doar, normalmente por meio de QR Code. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Captação de Recursos – ABCR, entre março e junho de 2020, as lives arrecadaram R$17,6 milhões em doações.

Sabendo da importância da doação durante o período da pandemia e tendo as lives como um fenômeno crescente, buscamos entender quais fatores influenciam os indivíduos a fazer doações voluntárias durante essas apresentações. Nosso objetivo é entender quais são os possíveis antecedentes da intenção em realizar doações, no contexto das exibições das lives, e como elas podem se relacionar entre si. Assim, amparados em teorias comportamentais, visamos comparar relações já estudas, porém, em um novo contexto, e verificar como o uso de uma tecnologia, o QR Code, afeta esse novo processo de doação.

Intenção de doar é o desejo de doar tempo, dinheiro ou algum tipo de recurso para uma organização de caridade (van der Linden, 2011). Atitude em relação a ajudar os outros é uma avaliação em relação a auxiliar pessoas em necessidade (Gorczyca & Hartman, 2017). O envolvimento é o nível de importância percebida por um indivíduo sobre um objeto, com base em necessidades, valores e interesses inerentes (Zaichkowsky, 1986).QR Code são códigos de barras de matriz bidimensionais, legíveis por máquina, com capacidade de armazenar informações tanto vertical quanto horizontalmente (Hossain et al.,2018)

Coletamos os dados de 97 indivíduos e, por meio de modelagem de equações estruturais, analisamos as relações do modelo teórico proposto. Para atender o propósito deste estudo, os dados foram coletados por meio da plataforma Survey Monkey, cujo a divulgação ocorreu via redes sociais. O instrumento de coleta de dados foi elaborado com escalas validadas, traduzidas do inglês para o português por um especialista na língua inglesa, que posteriormente foi submetido à validação. Para a análise do modelo, foi utilizada a técnica de Partial Least Squares (PLS) por meio do software SmartPLS 3.2.6.

A análise do modelo estrutural confirmou as hipóteses propostas, reforçando que ajudar os outros (? = 0,239, t = 2,584, p <0,01, f2 = 0, 318) e envolvimento com a live (? = 0,273, t = 2,771, p <0,01, f2 = 0,776) influenciam positivamente a intenção em doar. O envolvimento com a live (? = 0,263, t = 2,831, p <0,005, f2 = 0,776) tem influência positiva no prazer percebido (QRp), o que foi confirmado com os resultados observados. Foi avaliado o envolvimento com a live (? = 0,286, t = 3,035, p <0, 003, f2= 0,776) e a atitude em ajudar os outros com uma influência positiva.

Verificamos que o envolvimento com as lives exerce uma relação direta com a intenção em doar, e ao mesmo tempo, a atitude em ajudar os outros, medeia essa relação. Verificamos que o envolvimento com as lives exerce relação positiva com a percepção de prazer em usar o QR Code, e que esta percepção de prazer tem uma relação positiva tanto com a facilidade percebida de uso quanto com a atitude em relação ao uso de QR Code. As relações entre a facilidade percebida em usar o QR Code com a atitude em relação ao uso de QR Code, e deste constructo com a intenção em doar, porém, não foram confirmadas.

Ranganathan, S. K., & Henley, W. H. (2008). Determinants of charitable donation intentions: a structural equation model. International journal of nonprofit and voluntary sector marketing, 13(1), 1-11. Ryu, J. S., & Murdock, K. (2013). Consumer acceptance of mobile marketing communications using the QR code. Journal of Direct, Data and Digital Marketing Practice, 15(2), 111-124. Van der Linden, S. (2011). Charitable intent: A moral or social construct? A revised theory of planned behavior model. Current psychology, 30(4), 355-374.