Resumo

A precarização do trabalho, à vista disso, é percebida como uma das consequências mais visíveis da flexibilização do mercado de trabalho e do impacto sobre o trabalhador submetido a essas diretrizes. Diante desse universo de transformação constante são indispensáveis os estudos que discorram sobre os impactos dos novos modelos de negócio, com o objetivo de avaliar a informalidade e precarização das condições de trabalho

Como problema de pesquisa levanta-se: qual a visão do trabalhador sobre a informalidade e precarização das condições de trabalho nesta empresa? Supõe-se que, entre estes fatores podem estar a insatisfação ou necessidade de complemento de renda, ausência de qualificações de trabalho, insatisfação com o modelo tradicional de trabalho entre outros.

Devido à velocidade de crescimento da globalização, os pensamentos neoliberalistas que também cresceram em paralelo geraram a desregulação do trabalho que pode ser vista como um reflexo da heterogeneidade, diversidade e fragmentação da classe trabalhadora do século XXI. Neste estudo, entende-se a precarização do trabalho a partir do conceito de Thébaud-Mony (2000) que afirma que a precarização social e do trabalho é um processo multidimensional de institucionalização da instabilidade caracterizado pelo crescimento de diferentes formas de precariedade e de exclusão social.

A pesquisa quantitativa foi realizada com 123 profissionais cadastrados no aplicativo e que atuam como motoristas na região do grande ABCD e outras localidades do estado de São Paulo. O questionário foi elaborado na plataforma “Google Forms” e divulgada em grupos de WhatsApp que os integrantes do grupo fazem parte e em grupos pertencentes à motorista do aplicativo, através de contatos inseridos nesses grupos. A pesquisa foi realizada totalmente via plataformas digitais devido ao momento vivido no ano de 2020 durante a pandemia do vírus COVID-19.

No estudo é possível verificar que o nível de escolaridade pode ter influência na classificação de um serviço, visto que dentre todos níveis de escolaridade, os entrevistados que possuem ensino superior completo classificaram que o serviço prestado à Uber é precário, com embasamento nas análises das questões anteriores. Ainda que em outras questões os entrevistados tenham sido assertivos em afirmar que os benefícios de um emprego formal não são compensados na Uber, trabalham mais de 8 horas por dia em 7 dias da semana, não possuem segurança e nem suporte da empresa.

A partir dos dados e análise apresentados considera-se cumprido o objetivo geral deste estudo foi compreender a visão que o motorista do aplicativo possui do modelo de negócio da empresa Uber que fui buscado também através dos objetivos específicos de traçar o perfil de uma amostra de motoristas do aplicativo Uber, relacionar características demográficas dos entrevistados à sua visão sobre a situação e expor a realidade desses trabalhadores.

OLIVEIRA, Eveline Nogueira Pinheiro de; MOITA, Dimitre Sampaio; AQUINO, Cassio Adriano Braz de. O Empreendedor na Era do Trabalho Precário: relações entre empreendedorismo e precarização laboral. Rev. psicol. polít., São Paulo, v. 16, n. 36, p. 207-226, ago. 2016. TOSTA, Tânia Ludmila Dias. Antigas e novas formas de precarização do trabalho: o avanço da flexibilização entre profissionais de alta escolaridade. Soc. estado., Brasília, v. 23, n. 3, p. 786-788, Dec. 2008.