Resumo

A legislação criada em 2019 propõe diretrizes para gestão e gerenciamento de RSU inovando ao definir as responsabilidades do poder público, dos gastos e a destinação correta desses resíduos. A cidade de São Paulo com cerca de mais de 12 Milhões de habitantes (IBGE, 2020) gerou 3,62 milhões de toneladas de resíduos domiciliares, sendo apenas 2,6% do montante destinados à coleta seletiva. Ainda segundo Luz (2016) as iniciativas em relação a coleta seletiva são mínimas e ainda pouco efetivas, sendo a grande geração de resíduos pouco valorizada e destinada a áreas irregulares

Perante o contexto, o artigo busca entender o dinamismo da coleta seletiva na região da Zona Leste da Cidade de São Paulo, sob a visão dos agentes envolvidos na operação, diante da problemática de geração, coleta e destinação dos RSU. Para responder o questionamento, o estudo buscou levantar junto a uma cooperativa de catadores situada na Zona Leste, no Bairro da Vila Curuçá, e ao Fórum para o Desenvolvimento da Zona Leste, fontes de informações (entrevistas, visitas e análise documental) para estabelecer um diagnóstico da coleta seletiva e identificar as tendências, contradições e conflitos

Os RSU são compostos por matéria orgânica, plástico, papel e papelão, cuja umidade varia conforme as estações do ano (Leite & Povinelli, 1999). Segundo Paschoalin Filho, Silveira, Luz e Oliveira (2014) e, Rodrigues, Magalhães e Pereira (2016), o aumento da geração dos RSU pode ser influenciado pelo poder de compra e facilidade em substituir os produtos e bens em um curto período por outros modelos desenvolvidos tecnologicamente. Luz, Paschoalin Filho, Faria e Carvalho (2018) destacam a importância em promover a integração na gestão dos RSU entre o poder público e a sociedade.

A metodologia adotada nessa investigação é qualitativa e de caráter exploratório, onde foram utilizadas pesquisas bibliográfica e documental, para a elaboração do referencial teórico e estudo de caso para a caracterização da cooperativa de coleta seletiva em estudo. O conteúdo das entrevistas permitiu coletar informações para serem analisadas com auxílio do software computacional Iramuteq, que possibilitou o entendimento da coleta executada pela cooperativa “caminho certo”, através da visão dos catadores, elucidou-se ainda, a infraestrutura das associações de coleta.

Foi caracterizada a cooperativa estudada, os dimensionamentos institucional e econômico, operacional, organizacional e a participação da sociedade através de entrevistas, que posteriormente foram analisadas com uso do software Iramuteq. A análise de similitude mostrou a relação das palavras e suas ramificações sendo possível compreender a visão dos colaboradores, população e outros autores envolvidos evidenciando a importância do melhoramento das relações entre a sociedade, cooperativas e poder público.

Os agentes envolvidos na coleta seletiva, demonstram que conseguem perceber a importância deste trabalho para o meio ambiente. A inclusão social e financeira que os cooperados obtêm por meio dos materiais recicláveis, evidencia que essas atividades podem ser consideradas sustentáveis por abranger as dimensões ambientais, econômicas e sociais. Com isso, as atividades realizadas pelas Cooperativas de Reciclagem de forma associada à sustentabilidade contribuem para o planejamento urbano da Cidade de São Paulo, garantindo uma cidade mais sustentável

Luz, E. G. (2016). Programas de coleta seletiva na cidade de São Paulo: estudo de caso da zona leste da cidade. Dissertação de mestrado, Universidade Nove de Julho, SP, Brasil Leite, V. D., & Povinelli, J. (1999). Comportamento dos sólidos totais no processo de digestão anaeróbia de resíduos sólidos urbanos e industriais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 3(2), 229-232. Rodrigues, W. Magalhães, L. N. L., Fº, & Pereira, R. S. dos. (2016). Análise dos determinantes dos custos de resíduos sólidos nas capitais estaduais brasileiras. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 8(1),