Resumo

A literatura da transição para a sustentabilidade disseminou a perspectiva de que nichos experimentais desenvolvem inovações tecnológicas disruptivas, que se difundem e substituem sistemas sociotécnicos estabelecidos (SEYFANG; LONGHURST, 2013). Porém, pesquisas mais recentes explanam que os problemas sociais contemporâneos são emergentes e complexos sendo as inovações técnicas, insuficientes, para a compreensão do fenômeno e portanto um foco social da inovação é essencial para que comportamentos reflexivos emerjam e mudanças transformadoras ocorram (LOORBACH; FRANTZESKAKI; AVELINO, 2017).

O presente estudo visa realizar uma meta-síntese em busca de relações entre os fenômenos da transição para a sustentabilidade e da inovação social. Desse modo, como a inovação social está associada a abordagem da transição para a sustentabilidade? é o problema de pesquisa proposto.

Loorbach, Frantzeskaki e Avelino (2017) apontam que pesquisas recentes, acerca da transição, enfocam nas inovações sociais produzidas pela sociedade civil, como forma alternativa para as transições de sustentabilidade. Além disso, Pel, Wallenborn e Bauler (2016, p. 2), argumentam que a inovação social é um relevante aspecto das transições de sustentabilidade, e, sendo assim, pode ser apontada como aquela que possui um potencial social transformativo para que as transições de sustentabilidade ocorram (PEL; WALLENBORN; BAULER, 2016).

Visando a operacionalização da meta-síntese os passos propostos por Hoon (2013) foram seguidos e adaptados, de acordo com a necessidade do problema de pesquisa do presente estudo, conforme recomenda a autora. Assim, o protocolo de pesquisa, contendo o delineamento das 8 etapas – (1) Enquadrando a questão de pesquisa, (2) Localizando pesquisas relevantes, (3) Critérios de inclusão, (4) Extração e codificação de dados, (5) Análise em nível específico de cada caso, (6) Síntese no nível do estudo cruzado, (7) Construção da teoria a partir da meta-síntese e (8) Discussão –, foi seguido.

Os achados desta meta-síntese podem contribuir para uma melhor compreensão dos estudos da transição para a sustentabilidade, quando o foco de interesse forem as inovações sociais – inovações que visam o bem-estar social e estão relacionadas a práticas e mudanças de comportamento. Em síntese, os nichos de nível global e os de nível local, com orientação externa, quando mantidas interações com atores de regime podem se fortalecer a ponto de adentrarem em um regime estabelecido, promovendo a transição para a sustentabilidade.

A abordagem da MLP foi estendida e no lugar do entendimento de haver somente nichos mercadológicos há de se verificar que também existem nichos sociais que possuem características específicas, como as orientações internas e externas, e atuações em níveis local e global. Além disso, verifica-se que no nível de regime, atores atuam para impulsionar os nichos sociais que se encontram mais homogeneizados com uma orientação externa e de mercado e que o contrário ocorre com os nichos de orientação interna e puramente social, quando atores, principalmente governamentais, limitam seu desenvolvimento.

LOORBACH, D.; FRANTZESKAKI, N.; AVELINO, F. Sustainability Transitions Research: Transforming Science and Practice for Societal Change. Annual Review of Environment and Resources, v. 42, 2017. PEL, B.; WALLENBORN, G.; BAULER, T. Emergent transformation games: exploring social innovation agency and activation through the case of the Belgian electricity blackout threat. Ecology and Society, v. 21, 2016. SEYFANG, G.; LONGHURST, N. Desperately seeking niches: Grassroots innovations and niche development in the community currency field. Global Environmental Change, v. 23, 2013.