Resumo

Título do Artigo

EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ENFRENTAMENTO DA ESCASSEZ DE ÁGUA POTÁVEL: CONTRIBUIÇÕES À LUZ DA TEORIA DO VALOR-CRENÇA-NORMA
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Tema

Educação e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - THAYSE SANTOS DA CRUZ
- UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Responsável pela submissão
2 - Sonia Maria da Silva gomes
- Universidade Federal da BAhia
3 - Paulo S Figueiredo
- Escola de Administração
4 - Daniel Kouloukoui
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5 - Erisson Souza Barreto da Cruz
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Reumo

No âmbito do enfrentamento da escassez de água potável, as abordagens mais promissoras que buscam compreender o comportamento de conservação da água tentam explorar a influência de valores e crenças pessoais (SAURÍ,2013). Com efeito, para Muijen (2004) os termos educação de valores e desenvolvimento sustentável estão imbricados. Como prova disso, a Unesco (2017) considera que a educação é crucial para a promoção do desenvolvimento sustentável, uma vez que além de contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, tem potencial de impactar os valores e atitudes dos indivíduos.
Partindo do pressuposto de que os valores dos indivíduos podem ser afetados por meio da educação, esta investigação se propõe a analisar a influência da educação para o desenvolvimento sustentável (EDS) no enfrentamento discente da escassez de água potável sob a lente da Teoria do Valor-Crença-Norma (VBN).Esta investigação se diferencia das anteriores ao propor um construto para mensurar o nível de educação para o desenvolvimento sustentável. A criação e validação desse construto, e a análise do seu papel na formação de valores, impactando a cadeia VBN, é uma contribuição original da pesquisa.
A teoria VBN se propõe a explicar atitudes e comportamentos em prol das questões ambientais, por meio da inter-relação entre valores, crenças e normas pessoais (STERN et al.,1999; SMILINGYT?; ŠORYT?, 2021). Neste viés, além de poder contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, os efeitos da educação para o desenvolvimento sustentável nos valores (elementos mais estáveis da personalidade) têm o potencial de impactar, em cascata, as crenças e, consequentemente contribuir para o despertar da obrigação moral (normas pessoais) para que os danos socioambientais não ocorram.
A pesquisa empírica foi desenvolvida em uma das melhores universidades do Nordeste, segundo ranking de 2020 do Center for World University Rankings. A amostra final contemplou 2.376 respondentes. Considerando o tamanho populacional, os resultados foram passíveis de generalização, a um grau de confiança de 99% e uma margem de erro de 3%.Empregou-se o questionário como instrumento de coleta de dados. Este foi validado qualitativamente(Análise de Juízes e pré-teste) e quantitativamente(Análise Fatorial Confirmatória). Para o teste de hipóteses, foi empregada a análise de caminhos (Path Analysis).
Os resultados indicaram que o nível da educação para o desenvolvimento sustentável impactou de forma positiva e significante apenas os valores biosféricos. Destaca-se que a magnitude do impacto depende da qualidade, quantidade, distribuição e difusão da EDS nos currículos. Constatou-se ainda que os valores dos indivíduos são de fato princípios norteadores de suas crenças e que para sentirem a obrigação moral de realizarem o enfrentamento da escassez de água potável, as evidências sugerem que os discentes precisam acreditar que de fato a escassez de água potável é um problema grave.
As evidências obtidas contribuem para evidenciar os efeitos da educação para o desenvolvimento sustentável nas orientações de valor dos indivíduos (elementos mais estáveis da personalidade) influindo, "em cascata" sobre crenças e normas pessoais de enfrentamento à escassez de água potável. Os resultados sugerem implicações educacionais importantes e instilam que é preciso repensar a forma de como a educação para o desenvolvimento sustentável tem sido tratada ao longo do percurso formativo dos discentes, bem como fornecem subsídios para ampliar as possibilidades de pesquisa no campo da EDS.
CORRAL-VERDUGO, V; BECHTEL, R.; FRAIJO-SING, B.Environmental beliefs and water conservation: An empirical study.Journal of Environmental Psychology,v. 23, n. 3,p. 247-257,2003. FREIRE, P.Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa. 22ed.São Paulo: Paz e Terra,1996. MUIJEN, H.Integrating value education and sustainable development into a Dutch university curriculum. International Journal of Sustainability in Higher Education, 2004. STERN, P. C. et al. A value-belief-norm theory of support for social movements:The case of environmentalism. Human ecology review, p. 81-97,1999.