Resumo

A arte foi a primeira forma utilizada para documentar oficialmente os elementos das ciências, como botânica, medicina e farmácia. Pelo seu valor agregado os ativos culturais podem ser um desafio aos contadores, em saber quais são os métodos de valoração econômica que podem demonstrar fidedignidade dos valores atrelados aos monumentos, recursos naturais e a própria cultura. O que implica em algumas indefinições, face a variedade e característica do patrimônio e seus valores intangíveis intrínsecos. Na obra de Margaret Mee é possível verificar que seu trabalho transcende o valor econômico.

No Brasil, a mata e flora foi retratada por uma grande artista-ilustradora inglesa, Margaret Mee que ilustrou as Florestas Tropicais e Amazônica, e encontrar um valor econômico para obras da mesma é um desafio, pois sabe-se que a contabilidade de ativos culturais tem gerado vários debates. Diante o contexto indaga-se: Qual o método de valoração econômica mais apropriado aos ativos culturais, em específico as obras da artista, considerando a personificação do legado da artista? Desta forma o objetivo desta foi analisar o valor atribuído às obras, examinando também os valores personificados.

A contabilidade de ativos culturais representa uma questão desafiadora no que tange a definição, o reconhecimento e os critérios de mensuração. Diante a valoração de ativos raros, os especialistas utilizam critérios como a garantia de peritos e idôneos, laudos técnicos e garantia de origem. Neste sentido destaca-se o livro Flowers of the Brazilian Forests, de Margaret Mee, que foi editado em uma única vez, limitada a 500 cópias de luxo. Além dos valores econômicos, a história da ambientalista e ilustradora possui outros valores que merecem ser personificados ao seu trabalho.

Buscou-se analisar os valores das três obras principais da artista através casas de leilões e bibliotecas especializadas. Depois foi analisado o documentário, "Margaret Mee e a flor da lua", classificando as menções em nove valores: a mulher; a personalidade; arte e ciência; o ativismo e o meio ambiente; o valor de seu trabalho; o misticismo; a influenciadora; a estratégia; e o reconhecimento de sua obra. Depois foi extraindo o áudio do documentário para gerar uma análise fatorial de correspondência e uma classificação Hierárquica descendente no IRAMUTEQ®, com base nos valores personificados.

Diante os valores econômicos, baseados em especialistas, a obra Flowers of Brazilian Forest pode chegar a R$ 103.797,69; o livro Flowers of the Amazon teve seu valor cotado em R$ 7.500,00 e um exemplar novo do In Search of Flowers of the Amazon Forest pode ser vendido por R$ 2.994,00. Na análise das menções, percebe-se a admiração e reconhecimento do legado da artista. O que é respaldado pela análise textual, na qual 24,63% mencionam sua Arte e Ciência, em seguida atributos à sua Personalidade com 16,42%, depois 15,67% de Reconhecimento de Seu Trabalho e 14,93% sobre seu amor ao Meio ambiente.

Nem todos os métodos se aplicam aos ativos culturais, pois há particularidades que requerem um olhar específico diante as obras de arte, onde o julgamento de um especialista parece ser o mais adequado. As características próprias de Mee tem influenciado o valor de suas obras, pois ela deixou um significativo conjunto de ilustrações artísticas/científicas, além de uma mensagem para a humanidade sobre a necessidade de proteger o meio ambiente. Nesse caso, não há normativos que permitam mensurar, reconhecer e evidenciar em números monetários a valorização da imaginação de um artista e seu legado.

Aversano, N., & Christiaens, J. (2014). Governmental Financial Reporting of Heritage Assets From a User Needs Perspective. Financial Accountability and Management, 30(2), 150–174. https://doi.org/10.1111/faam.12032 Martino, M. (2013). Margaret Mee e a Flor da Lua (p. 1 DVD 1h18m). Produtora: Bretz Filmes. Throsby, D., & Zednik, A. (2014). Chapter 4 - The Economic and Cultural Value of Paintings: Some Empirical Evidence. In D. (Org. ). GINSBURGH, V.; THROSBY (Ed.), Handbook of the Economics of Art and Culture (Elsevier, pp. 98–117). https://doi.org/https://doi.org/10.1016/B978-0-444-53776-8.000