Resumo

Os microplásticos são pequenas partículas plásticas e quando dispersas no ambiente são de difícil controle pela fácil incorporação a fauna marinha. Proveniente de defragmentação de embalagens, do transporte do aterro, além do próprio processo produtivo. Neste último por falhas em equipamentos ou mesmo humanas ocorre a perda de produtos, podendo findar em corpos d’agua. O presente artigo apresenta ações implementadas em uma indústria produtora de polietileno para mitigar a dispersão dessas partículas ao meio ambiente.

Também denominados como pellets pela indústria, os microplásticos se apresentam em diferentes formas e tamanhos. Em todas etapas da cadeia produtiva dos plásticos há perda de material, de forma crônica e difusa, em muitos casos na forma de pellets. Caso não sejam tomadas providências, estes podem chegar ao ambiente marinho, provocando danos ao ambiente, conforme estudos realizados no litoral do Brasil. Em vista desta situação, o setor produtivo viu iminente necessidade de posicionamento e tomada de ações mitigatórias frente a percepção da poluição marinha pelo plástico em todas as categorias.

Para o presente estudo foi analisado o caso de uma empresa petroquímica, produtora de polietileno, localizada no litoral da região sudeste do Brasil. Na empresa alvo do presente estudo foi constatada a perda de produtos na forma de pellet, com sua dispersão ao ambienta aquático por meio de canaletas de águas pluviais e de descarte do processo produtivo.Com base neste cenário, a empresa decidiu promover uma investigação de causas e pontos de geração, adotando em seguida medidas de redução de perdas e mitigadoras do descarte deste material ao ambiente.

Frente a necessidade de identificação de pontos de perda de pellets para o ambiente foi aplicado um questionário estruturado aos trabalhadores, seguido de avaliações de campo para identificação de pontos falhos em equipamentos e estruturas. Com base nos resultados uma equipe multidisciplinar desenvolveu um conjunto de 30 propostas de melhoria dos processos, analisadas quanto ao esforço necessário e impacto esperado. Após categorização destas propostas, foram implementadas 26 das 30 medidas, tendo os resultados sido medidos em relação à redução das perdas em t/ano.

Foi verificada uma redução de 20% na geração de finos e tiras, evidenciando redução de perdas e também as reclamações de clientes. Já nas áreas de ensaque e produção a redução foi de 30%, além da diminuição de produto retido nas barreiras antes do descarte de efluentes. Houve também uma melhoria na conscientização dos trabalhadores, que passaram a evitar perdas e notificar ocorrências. Estes resultados demonstram significativos ganhos, não só na redução dos impactos ambientais (principal), mas também na redução de custos, qualidade do produto e comportamento e satisfação de colaboradores.

Os resultados demonstram que é possível reduzir impactos ambientais em cada ator social com ações, desde simples até estruturadas, no caso do lançamento industrial de plástico no mar. As medidas geraram retorno em aspectos tangíveis e intangíveis para empresa, bem como benefícios ao meio ambiente associados a minimização de perdas e melhoria nos processos produtivos. As ações servem de base para processos similares ou mesmo diferentes, dentro e fora da organização, desde que aplicadas as metodologias simples de detecção e análise.