Resumo

O Cerrado é considerado a mais rica savana em biodiversidade do mundo. Todavia, esta riqueza encontra-se ameaçada, pois mais de 50% do bioma encontra-se alterado, sendo por isso conhecido como um dos hotspots mundiais. As monoculturas apresentam-se neste cenário como uma das protagonistas do processo de alteração do bioma, já que a partir dos anos de 1960 e 1970, com a implantação de megaprojetos agropecuários, houve um aumento expressivo da ocupação na região.

Atualmente, podem ser observados inúmeros impactos negativos resultantes dos sistemas de monocultivo, relacionados principalmente aos fatores ambientais: água, solo, clima e biodiversidade. O objetivo deste estudo é identificar os principais fatores ambientais relacionados aos impactos negativos causados pelos monocultivos no Cerrado e promover sugestões de políticas públicas para gestão sustentável dos recursos naturais deste importante bioma brasileiro.

Os principais fatores ambientais que devem ser considerados ao estudar os impactos dos monocultivos no Cerrado são a água, o solo, o clima e a biodiversidade. O espaço geográfico ocupado pelo bioma Cerrado tem suma importância na distribuição de recursos hídricos pelo País, sendo que seus sistemas naturais apresentam uma grande contribuição para a fixação de carbono. As alterações provocadas nos ambientes naturais, no ciclo das águas e no clima, e a contaminação do solo e da água no Cerrado, acarretam efeitos diretos na redução da riqueza de espécies da fauna e flora.

A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica que consiste na delimitação das informações e dos dados constantes no material a fim estabelecer relações entre essas informações e os dados do problema proposto para, finalmente, analisar a consistência das informações e os dados apresentados pelos autores.

Existem diversas estratégias de gestão com o intuito de promover mecanismos de sustentabilidade ambiental que podem ser aplicados com sucesso no Bioma Cerrado. Estas estratégias podem ser definidas através de políticas públicas pautadas em estudos ambientais adequados que podem apresentar-se como alternativas promissoras para minimizar os efeitos prejudiciais das monoculturas no Cerrado, tais como a criação e ampliação de Unidades de Conservação, fomento a estratégias de redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), contenção da expansão de áreas cultivadas e mudanças econômicas.

A produção agrícola no Cerrado, por muitos anos, centrou-se em sistemas de monocultivo, com a expectativa de obter aumento do volume produzido, trazer benefícios econômicos e suprimento da demanda de mercado. Contudo, as consequências desse modelo têm sido devastadoras do ponto de vista ambiental, através da eliminação da biodiversidade, do esgotamento dos solos, e da exaustão de recursos hídricos. Sendo assim, as alternativas propostas neste estudo podem ser um caminho para novas discussões acerca das políticas públicas voltadas à gestão sustentável dos recursos naturais do Cerrado.

EGGER, D. S.; RIGOTTO, R. M.; LIMA, F. A. N. S; COSTA, A. M.; AGUIAR, A. C. P. Ecocídio nos Cerrados: agronegócio, espoliação das águas e contaminação por agrotóxicos. Desenvolv. e Meio Ambiente. v. 57, p. 16-54, jun. 2021. SANO, E. E.; BETTIOL, GI. M.; MARTINS, E. S.; COUTO JÚNIOR, A. F.; VASCONCELOS, V.; BOLFE, E. L.; VICTORIA, D. C. Características gerais da paisagem do Cerrado. In. BOLFE, E. L.; SANO, E. E.; CAMPOS, S. K. (Orgs.) Dinâmica agrícola no cerrado: análises e projeções. Brasília, DF: Embrapa, 2020.