Resumo

Título do Artigo

Endividamento, Sustentabilidade e Retorno de Ações: estudo do efeito da pandemia da Covid-19 nas empresas da B3.
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Tema

Finanças Sustentáveis

Autores

Nome
1 - Camila Neves
Universidade Federal de Pernambuco - PROPAD Responsável pela submissão
2 - Joséte Florencio dos Santos
Universidade Federal de Pernambuco - departamento de ciências administrativas
3 - Gabrielle Maria de Oliveira Chagas
Universidade Federal de Pernambuco - Programa de Pós Graduação em Administração - PROPAD
4 - Moisés Araújo Almeida
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA - Centro de Ciências Sociais Aplicadas
5 - Edilson dos Santos Silva
Universidade Federal de Alagoas - Faculdade de Economia, Administração bem Contabilidade

Reumo

A previsibilidade do preço dos ativos tem sido estudada, visto que os retornos das ações podem ser influenciados por diversos fatores. Um desses fatores passíveis de afetar o retorno das ações é a dívida corporativa. O mundo tem passado por uma crise sanitária sem precedentes, que abalou inclusive o valor as empresas e o retorno de suas ações. Estudos como os de Davison (2020), Pagano, Wagner; Zechner (2020), Caldas et al. (2021) e Avelar et al., (2021) têm investigado, no contexto internacional e nacional, os impactos da dívida sobre os retornos das ações no período da Pandemia do Covid-19.
Considerando que a dívida pode ter impactado os retornos das ações em virtude da pandemia, este estudo visa investigar como a dívida afeta os retornos das ações das empresas brasileiras listadas na B3, observando a exposição ao distanciamento social. Também tem sido avaliado se a sustentabilidade serviu de escudo a esses retornos, com evidências empíricas positivas e negativas. Assim, este estudo ainda analisou se as empresas sustentáveis da B3, tiveram retornos das ações diferentes daquelas não sustentáveis. Isso é relevante para compreender como os mercados se comportam em períodos de crise.
A Hipótese de Eficiência de Mercado (FAMA, 1970) estuda os retornos das ações e empresas mais endividadas podem ter retornos mais voláteis, já que têm maior chance de falência, conforme Myers e Majluf (1984). Ahmed e Hla (2019) ressalta a relação negativa entre a dívida e o retorno. Essa relação tem sido analisada no contexto pandêmico, como por Davidson (2020). Os fatores que levaram a pandemia a impactar de modo diferente as empresas também são estudados, e a literatura sugere a da sustentabilidade corporativa como escudo aos retornos das ações, como em Albuquerque et al., (2020).
Este estudo é descritivo com abordagem quantitativa. Foram analisadas todas as empresas listadas na B3, exceto aquelas com PL negativo, financeiras e sem dados disponíveis, que foram coletados por meio do Economatica. De modo a considerar o grau de exposição das empresas às exigências do distanciamento social e estudar como os retornos das ações foram afetados pela alavancagem e pelo evento da pandemia foi utilizado o modelo difference-in-difference (DID). O indexador desenvolvido por Dingel e Neiman (2020) foi utilizado para mensurar a capacidade de operar a distância de cada setor econômico.
A análise descritiva indica que 10% das empresas analisadas são sustentáveis e não houve diferença entre o retorno das ações dessas e das empresas não sustentáveis. O nível de dívida é diverso entre as empresas e as empresas com teletrabalho e sem teletrabalho diferem em relação ao tamanho e a taxa de book-to-market (BTM). Por meio de modelo de difference-in-difference (DID) constatou-se que a sustentabilidade não explica o retorno, enquanto o teletrabalho guarda uma relação positiva com o retorno das ações. A dívida não foi significativa aos retornos, enquanto o tamanho e o BTM foram.
Este estudo corrobora que a capacidade de adequação às exigências do distanciamento social impacta o retorno das ações e que a dívida, apesar de não significativa, tem um tendência e reduzir esses retornos. Por sua vez, a sustentabilidade corporativa não protegeu os retornos das ações, no entanto, foi observada uma menor volatilidade daqueles nas empresas sustentáveis que nas não sustentáveis. Empresas maiores e com o valor de mercado mais próximo do valor contábil tiveram melhores retornos das ações no período analisado.
DAVISON, C. Stock Returns, Leverage, And The Covid-19 Pandemic. 2020. Doi: 10.2139/Ssrn.3627595. DINGEL, J. I.; NEIMAN, B.. How Many Jobs Can Be Done At Home? Tech. Rep. National Bureau Of Economic Research. 2020 AVELAR, E. A.; FERREIRA, P. O.; SILVA, B. N. E. R; FERREIRA, C. O. Efeitos da pandemia de covid-19 sobre a sustentabilidade econômico-financeira de empresas brasileiras. Revista Gestão Organizacional, Edição Especial: impactos da covid-19 no ambiente das organizações e na sociedade, v. 14 n. 1, 2021.