Resumo

Título do Artigo

OS QUINTAIS PRODUTIVOS E A AGRICULTURA FAMILIAR DE BASE AGROECOLÓGICA
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Tema

Gestão Ambiental

Autores

Nome
1 - Rosa Adeyse Silva
- Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais - FAFIC Responsável pela submissão
2 - ZIRLANIA CRISTINA DA SILVA
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - Uern
3 - Maria Betânia Ribeiro Torres
- Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
4 - Benedito Ferreira da Silva Neto
Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA - Campus Mossoró
5 - Arrilton Carlos de Brito Filho
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Reumo

No Brasil, as políticas agrárias e agrícolas instituídas pelo Estado têm um forte acento de incentivo ao agronegócio; isto é, grandes empresas agrícolas. A introdução de pacotes tecnológicos externos e práticas com base na filosofia da Revolução Verde, movimento de modernização agrícola iniciado nos anos 1950. Gliessman (2000) salienta que a agricultura do futuro se constitui numa agricultura sustentável, porém, não somente sustentável, mas também de alto potencial produtivo, podendo proporcionar variedade de alimentos para a população, e é nesse sentido que surge a agroecologia.
Dantas et al. (2007), consideram que “a agroecologia contribui para criar uma situação de disponibilidade de alimentos suficiente, de boa qualidade e diversificada, promovendo a segurança alimentar”. Este artigo tem como pressuposto que a agricultura familiar de base agroecológica, como uma atividade de produção diversificada, confere vantagens tanto ao mercado consumidor quanto à geração da renda, somando-se a uma ação integrada à sustentabilidade ambiental, social e econômica, tornando cada vez mais sustentáveis as práticas da agricultura familiar.
Abramovay (1998) defende que a agricultura familiar deve ser interpretada como uma forma viável de desenvolvimento propiciando melhores condições de vida. A agricultura familiar praticada no sertão nordestino vem propiciando uma relação harmoniosa entre o ser humano e o meio natural. A prática da agroecologia no semiárido é consolidada “na medida em que os agricultores familiares nutrem-se de uma visão mais aprofundada de sua relação com o meio”, assim, os conceitos e métodos agroecológicos e a experiência dos agricultores vêm estabelecendo práticas sustentáveis (BRASILEIRO, 2009, p. 09).
A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas, realizadas com 18 agricultores (as) familiares, sem distinção de gênero, sendo 14 agricultores residentes do Sítio Córrego e 4 agricultoras residentes do Assentamento Milagre. Cabe ainda destacar que, dos 18 entrevistados, 15 são agricultores cooperados da Cooperativa Potiguar de Apicultura e Desenvolvimento Sustentável – COOPAPI. As entrevistas foram gravadas e posteriormente, transcritas. A análise dos dados foi realizada por meio do método da Técnica Interpretativa, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo (BARDIN 1977).
Mas, de acordo com um dos agricultores do Sítio Córrego, a história dos quintais produtivos não se iniciou somente com o intuito de promover a diversificação e comercialização da produção, mas também, com o propósito de disseminar a produção sustentável e orgânica, sem a utilização de agrotóxicos, sem gerar impactos ambientais como o desmatamento e as queimadas do solo, e procurando, sempre, reaproveitar os recursos naturais investidos no cultivo dos quintais. Assim, somente os agricultores dispostos a produzir orgânicos foram inseridos no projeto dos quintais produtivos, por meio da COOPAPI.
Os agricultores concordam que os quintais produtivos têm ensinado, na prática, alguns procedimentos característicos da produção agroecológica, a exemplo do entendimento de que as queimadas ao solo, o uso de agrotóxicos e o desperdício de água, não condizem com a prática agrícola familiar e com o que propõe a produção de orgânicos. Outro aspecto revelado na pesquisa, foi o uso consciente da água, por meio da implementação de sistemas de irrigação, como a microaspersão e o gotejamento e, ainda, o reuso da água oriunda de atividades domésticas, que é destinada à aguação das culturas dos quintais
ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: HUCITEC, 1992. DANTAS, B. L. et al. A agroecologia nos assentamentos de: Moaci Lucena, Sítio do Góis e Vila Nova em Apodi – RN. Informativo Técnico do Semi-Árido Grupo Verde de Agricultura Alternativa (GVAA). Mossoró/RN, v.1, n.1, p.01-12 de janeiro/março de 2007. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Ed. FURGS, 2000. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977. BRASILEIRO, R. S. Alternativas de desenvolvimento sustentável no semiárido nordestino. 2009.