Resumo

As questões ambientais cada vez mais ganham destaque, não apenas no mundo dos negócios, mas na sociedade em geral, incluindo as pesquisas acadêmicas. As influências do índice ESG - ambiental (E), social (S) e de governança (G), estão se tornando uma parte essencial das atividades de negócios que geram valor organizacional. Tais informações, em geral, são retratadas pelas empresas no disclosure voluntário chamado de relatório de sustentabilidade, por se mostrar como relevante fonte informacional na tomada de decisões de investimento no mercado de capitais, merecem ser investigados.

Notou-se a carência de pesquisas nacionais abordando a influência do relatório de sustentabilidade no mercado de capitais. Diante disso, surge o questionamento: como os investidores se comportam quando da divulgação do citado relatório. Assim, o objetivo principal foi de investigar o impacto da divulgação do relatório de sustentabilidade no mercado de capitais (amostra de 35 empresas listadas na B3). Adicionalmente, como objetivo secundário, analisou-se a existência do referido impacto em empresas do índice ISE (amostra com 15 empresas). Para tanto, utilizou-se a técnica de estudo de eventos.

A teoria da divulgação, suporta este estudo enquadrando-o como divulgação baseada em associação, onde a ênfase central é no estudo dos efeitos exógenos do disclosure. isto é, nos impactos no valor das ações de investidores que competem no mercado de capitais. Quanto aos estudos encontrados na literatura sobre o relatório de sustentabilidade diversos autores nacionais e internacionais reconhecem a relevância de sua divulgação, bem como o poder informacional de natureza social de seu conteúdo, porém os resultados dos estudos não foram unânimes em demonstrar impactos no preço das ações.

A coleta de dados foi feita no portal United Nations Global Compact, na base da B3 e na base da Economática, amostra de 35 empresas e índice ISE, amostra de 15 empresas. Foi aplicada a técnica de estudo de eventos, usando janela de estimação de 120 dias e janelas de eventos de 11, 7 e 3 dias, usou-se o índice IBOVESPA como parâmetro de comportamento normal. Foram feitos análises descritivas e testes de hipóteses, onde a hipótese nula foi que as divulgações dos relatórios de sustentabilidade não provocaram impactos nos preços das ações e como hipótese alternativa foi de que provocaram impactos.

Em todos os casos estudados (amostra de 35 empresas e amostra índice ISE de 15 empresas), para as 3 janelas de eventos, a hipótese aceita foi a hipótese nula, ou seja, estatisticamente, não foram observados impactos nas cotações das ações pelas divulgações dos relatórios de sustentabilidade das empresas, o que também foi sugerido pelas análises descritivas.

A literatura mostra resultados opostos aos encontrados, isto é, significativo impacto da publicação do relato integrado no preço das ações. Também houve efeito pela entrada e saída de firmas no índice de sustentabilidade. Tais achados instiga a pensar: será que no Brasil ainda é pouco relevante as questões do ESG. Como limitação do estudo, não se pode generalizar os dados obtidos às demais empresas, por ser um disclosure voluntário, muitas empresas não o fazem. Ao analisar apenas um exercício, tem-se outra limitação, pois outras análises horizontais podem divergir dos resultados encontrados.

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