Resumo

Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarava a COVID-19 como emergência de saúde pública, onde a partir de então instalou-se uma crise de saúde pública, econômica e social a nível mundial. Em tempos de crise, a governança corporativa exerce forte influência em aspectos importantes da organização. Logo, o presente estudo buscou comparar por meio da análise descritiva empresas dos segmentos especiais com empresas dos segmentos básicos, para averiguar se de fato empresas do segmento especial Novo Mercado apresentam melhor desempenho em períodos de crise.

Logo, perante o contexto supracitado, o presente artigo, objetiva, verificar o impacto da pandemia no desempenho das empresas da B3 por meio da análise comparativa de índices financeiros e de mercado nos anos de 2019 e 2020, identificando as diferenças entre os níveis de governança corporativa no que diz respeito ao desempenho das empresas em períodos de crise. Buscando assim, responder o seguinte questionamento: Como se comporta o desempenho das empresas em períodos antes e durante a pandemia de COVID-19?

Para Loureiro et al. (2020), COVID-19 é o nome dado a uma doença infecciosa que pode levar o paciente a óbito em alguns dias. Com o objetivo de desacelerar a propagação dessa doença, foram adotadas medidas como a quarentena e lockdown, tais medidas causaram forte impacto na vida social, no trabalho e nas empresas (Clemente & Stoppa, 2020). Com relação a governança corporativa em períodos de crises, como a da COVID-19, Srour (2005) em seu estudo analisou a eficácia de mecanismos de governança corporativa, constatando que empresas que se utilizam dela tem maiores retornos em períodos de crise.

A população do estudo compreendeu todas as empresas listadas na B3, já a amostra compreendeu 47 empresas que possuíam as informações necessárias para a etapa de análise de dados, nos anos de 2019 e 2020, perfazendo 94 observações. A coleta dos dados, ocorreu por meio da base de dados Economática®. O ano foi usado como proxy para a variável dicotômica relacionada ao período COVID-19 e período não COVID-19. Para a variável Nível de governança, a coleta foi feita através da busca no website da B3. As variáveis utilizadas foram: ROA, ROE, Market-to-Book, Valor de Mercado e o Faturamento Bruto.

Com a Tabela 2 pode-se dizer que em média o ROA das empresas do nível de governança Novo Mercado no ano em que ocorria a pandemia de COVID-19 superou fracamente o mesmo índice de empresas de outros níveis de governança no mesmo período cronológico, sendo superior em apenas 1%. Semelhantemente observa-se quando se compara a média do valor de mercado e o índice Market-to-Book nos quais as empresas do novo mercado apresentam diferenças mínimas em relação as empresas dos demais níveis de governança. Com relação ao faturamento obtido com vendas, as empresas do NM apresentaram resultados superiores.

A partir da análise dos índices, pode-se concluir que empresas listadas nos mais altos níveis de governança corporativa não implica que estão blindadas contra crises e apresentam resultados melhores do que as que não se encontram nessa condição. Com relação ao impacto da pandemia não foi encontrado um padrão nos índices calculados, sendo que, nem todos os índices apresentaram quedas do ano de 2019 para o ano de 2020.

Loureiro, C. M. C., Serra, J. P. C., Loureiro, B. M. C., de Souza, T. D. M., Góes, T. M., Neto, J. D. S. A., ... & Marinho, J. M. (2020). Alterações pulmonares na COVID-19. Revista Científica Hospital Santa Izabel, 4(2), 89-99. Clemente, A. C. F., & Stoppa, E. A. (2020). Lazer doméstico em tempos de pandemia da covid-19.Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, 23(3), 460-484. Srour, G. (2005). Práticas diferenciadas de governança corporativa: um estudo sobre a conduta e a performance das firmas brasileiras. Revista Brasileira de Economia, 59(4), 635-674.