Resumo

O setor de alimentos e bebidas é um dos setores mais fortes da economia brasileira, com isso, o país objetiva se tornar um dos principais centros de abastecimento de alimentos do planeta (ABIA, 2018). O conselho de administração, por sua vez, tem a função de agir com a pretensão de proteger o patrimônio da empresa e conduzir as decisões da diretoria para o caminho da maximização do retorno dos investimentos (SILVA; SANTOS; ALMEIDA, 2011). segundo Almeida et al. (2018), a adoção das práticas de governança corporativa oportuniza um melhor desempenho para as empresas que as adotam.

Qual a movimentação dos indicadores de desempenho econômico das empresas brasileiras do setor de alimentos e bebidas listadas na B3 considerando o nível de concentração acionária e as características do conselho de administração? Objetivo: Analisar o desempenho econômico considerando as características do conselho de administração e o perfil de concentração acionária. Objetivos específicos: i) identificar o nível de concentração acionária ii) examinar as características dos conselhos de administração das empresas; e iii) analisar o desempenho econômico das empresas.

As companhias brasileiras, em sua maioria, apresentam alta concentração na estrutura de propriedade, o que sinaliza conflitos entre os acionistas controladores e os minoritários e, os credores de longo prazo, tornando-se necessário que essas empresas busquem alinhar os interesses de ambas as partes (SILVA, 2019). Um dos instrumentos de governança que atua reduzindo conflitos de agência nas organizações é o Conselho de Administração (CA), que por sua vez, pode funcionar como mecanismo para o monitoramento da diretoria executiva (BEZERRA et al., 2015).

Trata-se de uma pesquisa descritiva e documental. Por meio do sítio da B3, foram consultados os formulários de referência e as demonstrações financeiras para obter a classificação setorial, informações sobre o conselho de administração, dados econômicos e informações sobre a concentração acionária. O período investigado foi o de 2016 a 2020 de catorze empresas pertencentes ao setor de alimentos e bebidas, compreendendo os segmentos açúcar e álcool, carnes e derivados, alimentos diversos, cervejas e refrigerantes. Para o cálculo do desempenho foram utilizados o ROA, ROE e o EBITDA.

Com relação à concentração acionária, os tipos de acionistas controladores mais frequentes são empresas com controle originariamente familiar, investidores estrangeiros e empresas privadas nacionais. O desempenho econômico, medido por ROA, ROE e EBITDA, tem resultado favorável em empresas que apresentam características como a presença feminina, a não dualidade de cargos e membros com outras titulações acadêmicas além da graduação, bem como quando a empresa possui como acionista controlador empresas privadas nacionais, investidores estrangeiros e quando tem seu capital pulverizado.

Observa-se que algumas características do conselho de administração como a quantidade de membros, participação feminina e membros com outras titulações acadêmicas são atendidas em todos os anos analisados por mais de 50% da amostra em estudo, o que pode sinalizar o desejo das companhias em se adequarem ao que regulamenta o IBGC (2015), tendo em vista a importância do conselho de administração em cada organização, já que um conselho bem estruturado atua em nome dos proprietários de forma efetiva e assim pode contribuir para um melhor desempenho (ANDRADE et al., 2009).

SILVA, E. S.; SANTOS, J. F.; ALMEIDA, M. A. Conselho de Administração: uma análise da influência nos níveis de endividamento. ALMEIDA. F. T.; PARENTE, P. H. N.; DE LUCA, M. M. M.; VASCONCELOS, A. C. Governança Corporativa e Desempenho Empresarial: uma análise nas empresas brasileiras de construção e engenharia. BEZERRA, P. C. S.; LUSTOSA, P. R. B.; SALES, I. C. H.; FERNANDES, B. V. R. Estrutura de Propriedade, Conselho de Administração e Disclosure Voluntário: Evidências de Empresas Brasileiras de Capital Aberto.