Resumo

Título do Artigo

RELATOS DE TENSÕES DE SUSTENTABILIDADE DE EMPRESAS DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL
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Tema

Comunicação, Indicadores e Modelos de Mensuração da Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Izabela Leite Ribeiro Guimarães
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Esan Responsável pela submissão
2 - Jamile Nobre Aquino
-
3 - Rosamaria C. Moura-Leite
- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Reumo

OO setor de papel e celulose no Brasil tem sua atividade considerada de alto risco danoso, pois tem fortes vínculos com o meio socioambiental. As ações do setor em busca de diminuir o impacto ambiental atrelado a seu desempenho social e financeiro são apresentadas em relatórios de sustentabilidade. Dado a complexidade das questões relacionadas à sustentabilidade, sobretudo no que se refere à relação entre relato e desempenho de sustentabilidade, a literatura mostra que as organizações não relatam as tensões de sustentabilidade de forma explícita, devido a sua conotação de má notícia.
Esta pesquisa visa responder ao seguinte questionamento: as empresas do setor de papel e celulose no Brasil comunicam suas experiências com tensões de sustentabilidade de forma implícita ou explícita? Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é identificar as tensões de sustentabilidade reportadas nos relatórios das empresas do setor de papel e celulose no Brasil para constatar se essas comunicam ou não suas experiências e, além disso, classificá-las de acordo com a tipologia de tensões de Smith e Lewis (2011), de aprendizado, desempenho, pertencimento ou organização.
Smith e Lewis (2011) propuseram uma estrutura analítica que auxilia na identificação das tensões paradoxais. Tal estrutura propõe que condições ambientais de pluralidade, mudança e escassez, tornam as tensões latentes salientes. E estas podem ser classificadas como tensões de organização, pertencimento, desempenho e aprendizagem. Estudos mostram que as organizações não relatam tensões de forma explícita devido a conotação de má notícia que os termos que fazem alusão a esse fenômeno possuem (HAFFAR; SEARCY, 2020). Porém, relatam de forma implícita no relato dos fatos ocorridos em um período.
O arranjo metodológico parte de perspectiva qualitativa e envolve análise dos relatórios de sustentabilidade das empresas do setor de papel e celulose que atuam no Brasil e que estejam na lista B3: Suzano SA, Klabin SA e Melhor SP. Ao total serão analisados oito relatórios, sendo o recorte temporal de 2019-2021, com exceção da Melhoramentos SP que não divulgou o relatório referente ao ano de 2019. O suporte teórico que vai fundamentar a análise dos dados está vinculada à teoria do paradoxo organizacional aplicadas às tensões de sustentabilidade (SMITH; LEWIS, 2011; HAFFAR; SEARCY, 2020).
Ainda que não relatado explicitamente, na grande maioria dos relatórios, foi possível evidenciar tensões de sustentabilidade de uma forma implícita. Buscando pelas situações contextuais de Smith e Lewis (2011). A exceção foi o mais recente relatório de uma das empresas. Cujo relato demonstrou de forma explícita, por duas vezes, a existência de tensões de sustentabilidade. Além disso, foi possível identificar e classificar as tensões paradoxais de sustentabilidade. Com isso, constatamos que em todas as empresas ocorreram tensões de organização, desempenho, aprendizagem e pertenciment
Ressaltamos as duas descobertas como contribuições teóricas deste trabalho. A primeira, que lança luz na constante busca por legitimidade em oposição à necessidade de transparência dos relatos, isso por si só, se caracteriza como uma tensão paradoxal. Por fim, sobre as limitações deste estudo, que abordou somente os relatórios, remetemos a uma oportunidade de pesquisas futuras, de se estudar em profundidade (estudos de casos) essa questão tão importante e densa que é a tensão de sustentabilidade. O que poderia desmistificar o senso comum de “sonegar” informações difíceis de digerir.
HAFFAR, M.; SEARCY, C. Legitimizing Potential “Bad News”: How Companies Disclose on Their Tension Experiences in Their Sustainability Reports. Organization and Environment, v. 33, n. 4, p. 534–553, 2020. DOI: 10.1177/1086026620942968. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1086026620942968 Acesso em 20 abr 2021 SMITH, W. K.; LEWIS, M. W. Toward a Theory of Paradox: a Dynamic Equilibrium Model of Organizing. Academy of Management Review, v. 36, n. 2, p. 381-403, 2011. Disponível em: http://www.researchgate.net/publication/274709284 Acesso 30 abr 2021.