Resumo

Muito do que se discute sobre sustentabilidade em cadeias de suprimento, de forma individual ou sobreposta, traz a necessidade de um novo olhar para uma abordagem teórica concisa, uma vez que, ao se focar a perspectiva prática, centra-se na busca por um conjunto de soluções imediatas (SILVA; NASCIMENTO, 2015). Dessa forma, a integração da sustentabilidade na cadeia de suprimento é uma área de crescente interesse de pesquisa. Nesse contexto, torna-se um requisito essencial a avaliação da sustentabilidade no contexto da cadeia de suprimento.

A sustentabilidade no contexto da cadeia de suprimento é assunto de interesse de acadêmicos e gestores, devido à necessidade de aprofundar e discutir o tema por questões relacionadas à continuidade das empresas e novas exigências dos stakeholders. Torna-se importante, também, identificar os principais fatores que impulsionam as empresas e cadeias de suprimento a adotarem práticas de sustentabilidade. Nesse contexto, esse artigo tem o objetivo de analisar as práticas de sustentabilidade na cadeia de suprimento aplicadas na cadeia da cajucultura.

Adota-se nessa pesquisa o modelo de Beske e Seuring (2014), que considera cinco categorias e suas respectivas práticas: Orientação, Continuidade, Colaboração, Gestão de risco e Pró- atividade. Quanto à sustentabilidade em cadeias de suprimento de alimentos, Azevedo et al. (2018) apontam que os desafios são numerosos, exigindo abordagens e estratégias inovadoras, desafios estes relacionados com a falta de conhecimento, treinamento, tecnologia, infraestrutura e capital adequados, elementos fundamentais para a consolidação de cadeias de suprimentos sustentáveis.

. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa, que inclui cinco empresas da indústria de beneficiamento da castanha de caju e oito stakeholders que possuem importantes papéis na implementação de práticas de sustentabilidade na cadeia de suprimento. Foram realizadas 19 entrevistas semiestruturadas, analisadas por meio da análise de conteúdo com auxílio do software Atlas.ti.

A partir da orientação para sustentabilidade, são adotadas práticas de relacionamento de longo prazo (continuidade), seleção de parceiros na cadeia (continuidade), desenvolvimento de parceiros na cadeia (continuidade), aperfeiçoamento da comunicação (colaboração), monitoramento seletivo (gestão de risco), normas e certificações (gestão de risco), grupos de pressão (gestão de risco), aprendizagem (proatividade), gestão de stakeholders (proatividade) e inovação (proatividade).

Em termos de contribuições, destaca-se a evidenciação das relações entre os direcionadores da sustentabilidade e a adoção de práticas de sustentabilidade na cadeia de suprimento estudada. Em relação às empresas e demais organizações investigadas, os resultados alcançados contribuem para a atuação prática das mesmas no sentido de fomentar a sustentabilidade e reforçar a competitividade da cadeia, especialmente considerado o foco das mesmas ao atendimento ao mercado internacional.

AZEVEDO, S. G. et al. The Influence of collaboration initiatives on the sustainability of the cashew supply chain. Sustainability, [s. l.], v. 10, n. 6, p. 2075, 2018. BESKE, P.; SEURING, S. Putting sustainability into supply chain management. Supply Chain Management: An International Journal, [S. l.], v. 19, n. 3, p. 322-331, 2014. PAGELL, M.; WU, Z. Building a more complete theory of sustainable supply chain management using case studies of 10 exemplars. Journal of Supply Chain Management, [s. l.], v. 45, n. 2, p. 37-56, 2009.