Resumo

Título do Artigo

A situação das mulheres frente aos impactos das mudanças climáticas e sua representatividade nos espaços de estudo e tomada de decisão
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Tema

Responsabilidade Social Corporativa

Autores

Nome
1 - Thais Cristine Ranzi
Instituto federal de ciência e tecnologia do Rio grande do Sul - Campus Viamão Responsável pela submissão
2 - Marilia Bonzanini Bossle
- Reitoria

Reumo

Mais de três bilhões de pessoas vivem em contextos de alta vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas, estando as mulheres entre os grupos sociais mais afetados (IPCC, 2022). Há, ainda, uma baixa participação feminina dentro de órgãos, setores e grupos de pesquisa dedicados ao tema, resultando em uma menor representatividade de seus interesses. Em vista disso, torna-se relevante analisar a estrutura de espaços de estudo e tomada de decisão sobre o clima, visando compreender como a diversidade de gênero afeta o rumo que se dá às ações de adaptação e mitigação dos impactos climáticos.
O presente trabalho levanta a seguinte problemática: como o recorte de gênero influencia as decisões em relação aos impactos das mudanças climáticas? Como objetivos desta pesquisa, pretende-se abordar os seguintes tópicos: - Compreender como e porque as mulheres de populações vulneráveis sentem mais os impactos das mudanças climáticas. - Levantar dados sobre a participação de mulheres em espaços de estudo e tomada de decisão sobre o clima, investigando a relação entre a presença feminina nesses espaços e sua influência sobre a pauta ambiental climática.
Estudos ecofeministas reconhecem a intersecção entre opressão feminina e degradação dos ecossistemas. Mulheres, especialmente no campo, dependem altamente dos recursos naturais para a subsistência de filhos e outros dependentes (MENDONÇA et al., 2021). Mas, com baixo acesso à terra e pouca autonomia financeira, elas enfrentam riscos (Terry, 2009). Estudos apontam que, quando líderes, mulheres cumprem um papel vital ao lidar com desastres e mobilizam de forma mais enfática a comunidade, beneficiando o meio ambiente e os grupos mais vulneráveis (UNDP, 2016).
A metodologia baseou-se em uma pesquisa qualitativa com coleta e organização de dados secundários, incluindo relatórios, tabelas informativas e estudos provenientes de organizações como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Organização das Nações Unidas (ONU), o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o Observatório do Clima. Também foi realizada uma revisão da literatura, com consulta nas bases Scopus e Web of Science, além de outros livros, artigos e trabalhos científicos selecionados nos principais repositórios nacionais e internacionais.
A participação de mulheres nos espaços de estudo e tomada de decisão sobre clima no Brasil foi discutida a partir dos dados obtidos por Galbiati e Campos (2017), que analisaram espaços da esfera federal vinculados à pauta climática, como comitês, grupos executivos, redes de pesquisa, entre outros. Constatou-se que, exceto em um setor investigado, predomina a participação masculina. Já em âmbito internacional, foram levantados dados da participação feminina no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), onde também observou-se uma discrepância de gênero.
A inclusão de gênero na pauta climática, viabiliza que haja uma maior diversidade de visões, ideias e propostas de soluções para os efeitos nocivos das mudanças climáticas, incluindo os conhecimentos locais de mulheres que, há gerações, possuem uma relação muito próxima com os recursos naturais de seus territórios. O fato de haver uma desigualdade de gênero nos espaços de estudo e tomada de decisão sobre o clima é um problema que merece mais atenção das organizações competentes. Com esta pesquisa, percebeu-se que, apesar dos obstáculos estruturais, as mulheres são fortes agentes de mudança.
GALBIATI, L. A.; CAMPOS, J. Equidade de gênero nos espaços de governança climática. Observatório do Clima. 2021 IPCC. Summary for Policymakers. In: Climate Change 2022: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Cambridge University Press: 2022 MENDONÇA, V. et al. Mulheres campesinas: trabalho, produção alimentar e colonialismo na América Latina. 2021 TERRY, G. No climate justice without gender justice: an overview of the issues. Gender & Development. 2009 UNDP. Overview of linkages between gender and climate change. New York, 2016. 07 p.