Resumo

O hidrogênio verde (H2V), oriunda de fontes renováveis, representa uma estratégia energética vasta, armazenável e descarbonizada (Erbach & Jensen, 2021, Elkerbout et al., 2020). Governos e empresas privadas investem recursos progressivamente para o desenvolvimento de tecnologias de hidrogênio, mas ainda há desafios técnicos, implicações econômicas e geopolíticas (Noussan et al., 2021; Saygin & Gielen, 2021; Wanner, 2021). O H2V, como uma alternativa, contribui com o desaquecimento global, proteção do meio ambiente e com os direitos fundamentais transindividual e intergeracional (Lenza, 2020).

Com o estudo pretende-se responder: Como a pesquisa sobre Economia do Hidrogênio Verde pode evoluir para o campo de Gestão? Nesse sentido, a pesquisa objetiva mapear a produção científica sobre Economia do Hidrogênio Verde indexada na base de dados Scopus, na perspectiva de contribuições na elaboração de agenda de pesquisa para o campo da Gestão, principalmente, nas áreas de Produção, Logística, Estratégia, Competitividade, considerando ampliação recente de discussões sobre o tema, relacionada às questões ambientais e desenvolvimento sustentável.

O hidrogênio verde (H2V) desempenha um papel potencialmente valioso na produção de energia no futuro (IEA, 2019; Saygin & Gielen, 2021). Nas últimas décadas, ampliaram-se estudos sobre a produção de hidrogênio de fontes diversas, transportando e armazenando-o, e usando-o para fornecer serviços de energia final sem emissões, com repercussão no âmbito político e empresarial sobre essa fonte de energia (IEA, 2019; Saygin & Gielen, 2021). As tecnologias para geração de hidrogênio estão classificadas a partir de um espectro de cores: cinza, azul, turquesa, verde, amarelo (ou roxo).

A pesquisa de abordagem quantitativa utiliza método bibliométrico, considerando aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada (Macias-Chapula, 1998). Para tanto, utiliza-se a sequência definida por Zupic e Cater (2015), no caso, análise de citação, análise de cocitação, acoplamento bibliográfico, análise de coautoria e de redes de palavras-chave. Para realização do levantamento das publicações analisadas no estudo, escolheu-se a base de dados Scopus, pertencente à empresa Elselvier

Ainda pouco explorada na área de Economia e Gestão, a publicação científica sobre a economia do H2V apresentou crescimento intenso recentemente, em particular desde 2019. Embora em ampliação, percebe-se lacuna importante em pesquisas no âmbito da gestão dos processos e análises sobre o tema na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Alguns países apresentaram maior produção científica, como a China, a Alemanha e os Estados Unidos. As publicações abordam tanto a produção como o armazenamento, o transporte e a utilização do H2V. Esboça-se uma cadeia produtiva complexa e descarbonizada.

Como agenda de pesquisa são reconhecidos análises sobre: inovação sustentável; H2V e ecodesenvolvimento; H2V como alternativa energética em contexto de crise; dependência energética e gestão de fontes renováveis; cadeias de suprimento que utilizam o insumo; políticas públicas e gestão pública voltadas ao H2V; crise energética e investimentos em fontes renováveis; energia e mudanças climáticas; institucionalização e regulamentação da economia do H2V; competitividade entre os países na produção de H2V, estratégias competitivas, parcerias governo-empresa na produção de H2V.

Beswick, R. R., Oliveira, A. M., & Yan, Y. (2019). Does the green hydrogen economy have a water problem? ACS Energy Letters, 6(9), 3167-3169. Blank, D. M. P. (2015). O contexto das mudanças climáticas e as suas vítimas. Mercator, Fortaleza, 14 (2), 157-172, maio/ago. Dang, S. et al. (2020). Rationally designed indium oxide catalysts for CO2 hydrogenation to methanol with high activity and selectivity. Science advances, 6(25). Erbach, G., & Jensen, L. (2021). EU Hydrogen Policy-Hydrogen as an Energy Carrier for a Climate-Neutral Economy. European Parliament Report.