Resumo

Título do Artigo

CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE À FORMAÇÃO NÃO INSTRUMENTAL DO ADMINISTRADOR
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Tema

Educação e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Danielle Rodrigues de Andrade
Universidade Federal de Juiz de Fora - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Responsável pela submissão
2 - Virgílio Cézar da Silva e Oliveira
Universidade Federal de Juiz de Fora - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis

Reumo

O homem sempre modificou o ambiente natural para garantir sua sobrevivência e sua satisfação, e as modificações tornaram-se cada vez maiores com o passar dos anos. A partir das últimas três décadas do século XX, a preocupação com o meio ambiente entrou definitivamente na agenda dos governos e da sociedade civil organizada. Nos dias atuais, poucos conceitos são mais utilizados que o de sustentabilidade. Contudo, a incorporação da educação para a sustentabilidade nos currículos formais, notadamente nos Bacharelados em Administração, vem se mostrando uma tarefa complexa e de difícil execução.
O propósito deste artigo é compreender como a educação para a sustentabilidade pode atenuar o caráter instrumental da formação do administrador. Seus objetivos específicos são: a) discutir a natureza instrumental da formação do administrador, destacando alguns de seus pilares (razão basilar, recursos pedagógicos e identidade profissional pressuposta) e b) entender, a partir da percepção de especialistas, como a educação para a sustentabilidade pode atenuar a essência instrumental da formação do administrador.
O referencial teórico deste artigo versa sobre três temas: a) a racionalidade instrumental, que norteia a formação do Administrador; b) conteúdos e meios pedagógicos hegemônicos na constituição desse profissional e c) sua identidade profissional pressuposta, que sugere espírito competitivo, prontidão para consecução de metas organizacionais e ações centradas nos problemas da produção, do mercado (e não da sociedade de forma ampla e absolutamente esclarecida).
A pesquisa foi desenvolvida sob uma abordagem qualitativa, em que a fonte direta dos dados é o ambiente natural e o pesquisador é o instrumento-chave de análise. Quanto aos objetivos, trata-se de um estudo exploratório. No que tange aos instrumentos de coleta de dados, este estudo valeu-se da pesquisa documental e da entrevista semiestruturada. A seleção de informantes deu-se por julgamento e, também, pelo método “bola de neve”, que baseia-se em indicações dos próprios entrevistados. Para tratamento das informações foi utilizado o método da análise de conteúdo.
As entrevistas em profundidade com especialistas no tema evidenciaram que a educação para a sustentabilidade – enquanto uma educação moralmente orientada, dialógica e cidadã – questiona e relativiza os princípios utilitaristas, as demandas da grande empresa capitalista e o discurso ideológico que coloca a economia no centro da vida humana. Favorece, portanto, a revisão dos atuais pilares que sustentam a formação e a percepção social (identidade pressuposta) dos profissionais da Administração.
A educação para a sustentabilidade colabora para o despertar da sensibilidade e da cidadania nos futuros Administradores, propondo um olhar ampliado e atento às necessidades do coletivo e evocando um processo de gestão organizacional pautado em valores e em objetivos não alienantes. Ela promove uma lógica de cooperação, que focaliza o êxito da comunidade e não do indivíduo, abrindo espaço para uma nova imagem social do gestor – que pode passar a desempenhar papel essencial na transformação da sociedade e na materialização de soluções holísticas para problemas sociais e ambientais.
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