Resumo

Título do Artigo

Percepção de Pessoas com Deficiência Visual e o Mercado de Trabalho na Pandemia de Covid-19: Expectativas e Desafios
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Tema

Gestão de Pessoas e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Santiago Afonso Balsanulfo
-
2 - Monica Zaidan Gomes
- Universidade Federal do Rio de Janeiro - PPGCC/FACC/UFRJ Responsável pela submissão
3 - José Augusto Veiga da Costa Marques
Universidade Federal do Rio de Janeiro - FACC

Reumo

Organizações de Pessoas com Deficiência (PCDs) efetuaram estudos com seus integrantes e revelaram impactos desproporcionais da pandemia de COVID-19 nesses grupos. As barreiras e desigualdades vivenciadas pelas PCDs visuais as fazem ser menos capazes de responder aos obstáculos que a COVID-19 lhes impôs (SHAKESPEARE; NDAGIRE; SEKETI, 2021). Ademais, a pandemia atuou como um catalisador para mudanças nas práticas de trabalho, favorecendo a adoção do home-office. De acordo com o último censo, há mais de 6,4 milhões de brasileiros com deficiência visual, o que justifica realizar o presente estudo.
Dado o contexto da pandemia de COVID-19 inerente às PCDs visuais, surgem as seguintes questões: - Qual o impacto da pandemia de Covid -19 no dia a dia das PCDs visuais? - O que mudou nas rotinas de trabalho das PCDs visuais por causa da pandemia? - Depois que a pandemia passar, como as PCDs visuais acham que serão suas rotinas de trabalho? O presente estudo busca expor o impacto da pandemia de Covid-19 no dia a dia e nas rotinas de trabalho das PCDs visuais que atuam na área contábil-financeira, assim como revelar quais são suas perspectivas acerca de suas rotinas de trabalho após a pandemia.
Estudos revelaram que os mais vulneráveis, como pessoas de baixa renda familiar, idosos, trabalhadores informais e PCDs são afetadas de maneira desproporcional em pandemias (YEGANEH, 2021). Senjam (2020) cita que PCDs visuais têm maior chance de contrair o vírus, pois dependem de toque e dos sentidos táteis para realizar suas atividades de rotina e têm necessidade frequente de assistência pessoal ou apoio de terceiros para realização de suas atividades. Shakespeare et al. (2022) afirmam que as PCDs foram deixadas para trás e tiveram suas necessidades negligenciadas nos esforços contra a COVID.
Estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa. Foram feitas 15 entrevistas semiestruturadas com profissionais com baixa visão, cegos e monoculares que atuam na área contábil-financeira. Adotou-se a técnica de amostragem chamada bola de neve, que utiliza cadeias de referência. Os entrevistados foram informados dos objetivos do estudo e concordaram em participar da pesquisa, ratificando o termo de consentimento livre e esclarecido. O roteiro de entrevista tinha questões sobre o perfil biográfico e as experiências vivenciadas na pandemia. Fez-se a análise de conteúdo das respostas.
Os entrevistados acharam positivo o home office, pois houve aumento na qualidade de vida e no tempo para ficar com seus familiares, mas também relataram pontos negativos, como o afastamento social dos colegas e o aumento de carga de trabalho. No processo adaptativo alguns tiveram dificuldades, tais como barulho de vizinhos e necessidade de reorganização do mobiliário. Outros pontos negativos foram a dificuldade para fazer atividades físicas e de reabilitação, medo e outros problemas psicológicos. Quase todos acham que no pós-pandemia haverá um sistema híbrido, com rodízio de funcionários.
O estudo contribui para a literatura por descrever como a pandemia de COVID-19 afetou as práticas organizacionais e o ambiente de trabalho para profissionais com deficiências visuais. A contribuição prática é fornecer informações sobre as percepções dos profissionais que podem servir de base para a reformulação dos processos organizacionais. Por último, a contribuição social é auxiliar a romper com crenças, atitudes e comportamentos desfavoráveis à inclusão das PCDs na sociedade, em especial no mercado de trabalho contábil-financeiro, por meio do combate a desinformação e ao preconceito.
SENJAM, S. S. Impact of COVID-19 pandemic on people living with visual disability. Indian Journal of Ophthalmology, v. 68, n. 7, p. 1367, 2020. SHAKESPEARE, T. et al. Disabled people in Britain and the impact of the COVID?19 pandemic. Social Policy & Administration, v. 56, n. 1, p. 103-117, 2022. SHAKESPEARE, T.; NDAGIRE, F.; SEKETI, Q. E. Triple jeopardy: disabled people and the COVID-19 pandemic. Lancet, v. 397, p. 1331-1333, 2021. YEGANEH, H. Emerging social and business trends associated with the Covid-19 pandemic. Critical Perspectives on International Business, v.17 n. 2, p. 188-209, 202