Resumo

O marketing evoluiu para anúncios digitais e abordagem virtuais, suprimindo muitas vezes a necessidade do consumidor de realizar uma pesquisa sobre algum tipo de produto ou serviço. Através do armazenamento de dados, as ferramentas digitais direcionam para os interesses dos usuários, conforme páginas visualizadas ou citadas em buscas prévias. As empresas concorrentes também buscam formas imediatas de chegar aos consumidores para efetivar as suas vendas. Essa disputa para chegar primeiro no clique, na decisão de compra, acaba levando a perda de alguns valores de conquista do cliente.

Com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), uma questão importante que surge para o Marketing é a geração de contatos assertivos e a forma na qual as abordagens podem ser direcionadas. Através do comportamento e da necessidade de privacidade dos dados, objetiva-se com esse estudo fazer uma análise através de pesquisa quantitativa (Survey) com consumidores da região do Vale do Rio Pardo/RS com considerações sobre a percepção das abordagens recebidas e de como a privacidade é considerada pelos consumidores analisados.

Privacidade de dados não é um conceito simples ou consensual. Sua definição implica questões como ficar livre de ser observado ou perturbado por outrem, ter limitação de acesso aos dados pessoais por outras pessoas ou entidades, ter o controle sobre os dados pessoais (evitando a sua disseminação indesejada), dentre outros preceitos conceituais relacionados com a preservação da intimidade. Os dados de consumo, preferências e os contatos dos consumidores tornaram-se informações valiosas para as empresas, que precisam ter essas informações, tanto quanto fazer o uso apropriado e ético.

Esta pesquisa foi realizada em agosto de 2023 no Vale do Rio Pardo, região central do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foi concebida no formato Levantamento de Dados (Survey), mediante a estratégia de coleta de dados bola de neve, com o uso da ferramenta Google Forms na coleta de dados. Utilizou-se questionário com 14 questões relacionadas com a privacidade de dados em Marketing, em coleta realizada entre os dias 11 e 25 de agosto de 2023 (período de duas semanas). Os resultados foram analisados mediante o emprego de estatísticas descritivas em razão da finalidade do estudo.

A maior parte da recepção de anúncio dos consumidores está concentrada em redes sociais, vistas como meios adequados, com abrangência maior que as demais conexões interativas. Identifica-se as redes sociais fortalecidas, bem como os meios tradicionais de comunicação, ao invés dos canais diretos e pessoais. Os canais que os clientes menos gostam de receber anúncios são os diretos, com especial aversão para a telefonia direta (telemarketing) e uso do WhatsApp. Embora o WhatsApp seja um canal de comunicação amplamente reconhecido, configura uma estratégia mal vista pelos consumidores.

Algumas questões fundamentais deste estudo permitiram considerar que a credibilidade das marcas, com base na forma que utilizam os anúncios e os dados de seus consumidores, representa um fator crucial de negócio. Identificou-se que os consumidores, de modo geral, estão preocupados com o uso dos seus dados pessoais. Isso demonstra que a LGPD vai ao encontro do que a legislação propõe, mostrando que existe uma preocupação com a redução das práticas abusivas de contatos promovidos pelas empresas em geral e de telemarketing em específico.

BLUM, R. P. F. O Direito à Privacidade e à Proteção dos Dados do Consumidor. São Paulo: Grupo Almedina, 2018. BRASIL. Lei Geral de Proteção de Dados. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Acesso em: 22 ago. 2023. MARTIN, K. D.; MURPHY, P. E. The Role of Data Privacy in Marketing. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 45, p. 135-155, 2017. OLIVEIRA, R. C. A. Produzindo a Vulnerabilidade do Consumidor: tecnologias biométricas, marketing e biopolítica. Revista Interdisciplinar de Marketing, v. 13, n. 1, p. 19-32, 2023.