Resumo

A desigualdade racial brasileira, em especial no mercado de trabalho, tem suas raízes na ausência da inserção do negro na sociedade inicialmente provocado pela redução de acesso à educação formal, fato que cria barreiras e desafios na formação das competências de futuros executivos negros. Na busca de uma identidade profissional, portanto, cria-se o mito da democracia racial, que segundo Freire (2006) minimiza uma subordinação entre as raças.

O objetivo dessa pesquisa é identificar quais as principais barreiras e facilitadores para a ascensão e desempenho da carreira de executivos negros sob a análise de fatores não facilmente observáveis. Segundo Jaime (2022) executivos negros não usufruem dessa mesma liberdade por meio da inserção, ascensão e desempenho no mercado de trabalho. Avançamos nessa questão ao defendemos que, se por um lado possa haver questões raciais envolvidas, por outro, resultante disso possa haver variáveis cognitivas que influenciam a forma de pensar desses profissionais que os impedem de vencer certas barreiras.

Na busca de uma identidade profissional, portanto, cria-se o mito da democracia racial, que segundo Freire (2006) minimiza uma subordinação entre as raças. Esse fato, não é contemporâneo. O racismo, invisível e estrutural, têm raízes no Brasil colonial. São estruturas que organizam a dinâmica social de forma polarizada: o racismo estrutural e a branquitude (James, 1996; Almeida, 2018). Bourdieu (1993) corrobora com o conceito intitulado “habitus”.

Por meio de uma abordagem sociológica com um grupo de oito voluntários por um período de seis dias foi realizado um processo de mentoria para investigar o comportamento, a maneira de agir e pensar de executivos negros.

O estereótipo associado à posição de executivo, a estrutura de comunicado e a linguagem informal no ambiente de trabalho são influentes sobre o modo de pensar desses profissionais, fato que implica na construção social da realidade do indivíduo negro um senso de “não-pertencimento” à sua posição de executivo, se caracterizando, dessa forma, como uma das principais barreiras para a ascensão profissional e desenvolvimento da carreira de executivos negros. Os principais facilitadores estão no fortalecimento da autoestima, no processo de autoconhecimento.

A pesquisa procura responder a duas lacunas de pesquisa encontradas nas literaturas sobre os fatores subestimados que influenciam a ascensão profissional de executivos negros: a primeira, de caráter teórico, ao identificar a forma de pensar (mindset), especificamente sobre o senso de pertencimento, e a segunda, de caráter prático e gerencial, ao sugerir para os departamentos de gestão de pessoas, que fatores sociológicos devam ser considerados na descrição e projeção de carreira de executivos negros.

Baldwin, J. A. (1976). Black Psychology and Black Personality; Bourdieu, Pierre. 1993. Questões de sociologia; Crescimentum. 2021. Mentoring Organizacional; Freire, Gilberto. 2006. Casa Grande e Senzala; Jaime, Pedro. 2022. Executivos negros; Santo Caos. 2018. Black In: Como Engajar as Empresas com a Diversidade Racial; Vares, F. S. 2013. Solidariedade mecânica e solidariedade orgânica em Émile Durkheim.