Resumo

Título do Artigo

APLICAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO À ESCALA HUMANA: delimitando categorias para a pesquisa em energia eólica
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Tema

Gestão Ambiental

Autores

Nome
1 - Suzana Melissa de Moura Mafra da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Programa de Pós-Graduação em Administração Responsável pela submissão
2 - WASHINGTON JOSE DE SOUZA
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Reumo

É recorrente a associação da energia eólica ao desenvolvimento sustentável, por se tratar de alternativa à transição para uma economia de baixo carbono, o que remete também à ideia de energia limpa. Quando associado ao desenvolvimento sustentável, o setor de energia eólica carrega elementos de mercado e benefícios econômicos, acompanhando características do desenvolvimento mainstream. Ocultando, assim, efeitos socioculturais e ambientais. O Desenvolvimento à Escala Humana (DEH) é aqui tomado para uma composição teórica que traz ao cerne do desenvolvimento o ser humano e suas necessidades.
O debate em torno do desenvolvimento na esfera da energia eólica não escapa à “armadilha ideológica” (Sachs, 2004) e à “armadilha do sistema” (Boff, 2012), noções úteis para se introduzir o DEH. Partimos, assim, da seguinte questão: Que subsídios emergem da revisão de aplicações nacionais e internacionais do DEH à decodificação de efeitos do sistema de energia eólica? O objetivo é estruturar, a partir de revisão de aplicações do DEH, quadro teórico-analítico útil à análise do sistema de energia eólica amparado no conceito de necessidades humanas fundamentais (Max-Neef, 2012).
A fundamentação teórica pauta a evolução do conceito de desenvolvimento chegando a abordagens mais recentes que se apresentam como alternativas à ideia de desenvolvimento mainstream, a exemplo do DEH. Elaborado pelo economista chileno Manfred Max-Neef, o DEH propõe um modelo de desenvolvimento que têm as necessidades humanas como centralidade. No DEH as necessidades humanas são classificadas em existenciais (Ser, Ter, Fazer e Estar) e axiológicas (Subsistência, Proteção, Afeto, Entendimento, Participação, Ociosidade, Criação, Identidade e Liberdade).
A estratégia escolhida foi a revisão integrativa da literatura com dados coletados no Google Scholar por meio do software Publish or Perish (Harzing, 2007). Na coleta dos dados foram utilizadas as expressões “Desenvolvimento à Escala Humana” e suas correspondentes em inglês e espanhol. Após a busca e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 16 publicações devidamente categorizadas na matriz de síntese e lidas na íntegra. Os dados sistematizados na matriz de síntese no Excel orientaram a leitura crítica dos artigos e a posterior discussão dos resultados.
16 pesquisas compuseram a amostra, com início em 2003 e maior concentração entre 2010 e 2022, sendo 5 oriundas do Brasil. O DEH inspira interlocução com a energia eólica pela orientação comunitária, que alcança turismo, sustentabilidade, mediação local de conflitos e gestão de resíduos sólidos (temas de pesquisas analisadas). Os resultados sugerem a possibilidade de aplicação da metodologia proposta por Max-Neef e colaboradores, assim como a possibilidade de construção das matrizes com base em pesquisas já produzidas. No domínio da Administração é possível uma aproximação com a gestão social.
A análise inspira possibilidades para pesquisas empíricas futuras especialmente em termos metodológicos, considerando que, entre os textos analisados, apenas dois realizaram a aplicação dos procedimentos metodológicos originalmente concebidos por Max-Neef e colaboradores. É pertinente investigação em torno de consequências socioambientais da produção e distribuição de energia eólica em todas as necessidades humanas, existenciais e a axiológicas orientadas por propostas metodológicas participativas. Identificamos, também, possibilidade de aproximação entre o DEH e a gestão social.
LOUREIRO, C V; GORAYEB, A; BRANNSTROM, C. Análise comparativa de políticas de implantação e resultados sociais da energia eólica no Brasil e nos Estados Unidos. RAEGA-O Espaço Geográfico em Análise, v. 40, p. 231-247, 2017. MAX-NEEF, M; ELIZALDE, A; HOPENHAYN, M. Desenvolvimento à Escala Humana: concepção, aplicação e reflexos posteriores. Blumenau: Edifurb, 2012. SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. WHITTEMORE, R; KNAFL, K. The integrative review: updated methodology. Journal of Advanced Nursing, Oxford, v. 52, n. 5, p. 546-553, 2005.