Resumo

Empresas que, em sua atividade, causam danos ambientais, devem ter em suas atividades econômicas, a preocupação em recuperar a área degradada. A Vale S.A., uma empresa globalmente conhecida, tem impacto direto no meio ambiente. Embora tenha sido excluída do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 devido aos desastres de Brumadinho e Mariana, a empresa continuou publicando relatórios de sustentabilidade baseados na GRI. No entanto, há casos que contradizem as declarações da empresa, como ser considerada a pior empresa do mundo em questão social e ambiental (Greenpeace,2012).

Como as diretrizes de sustentabilidade (GRI) impactam a performance financeira da Vale no período de 2010 a 2022? Para isto, este trabalho tem como objetivo relacionar os relatórios GRI e a performance financeira da Vale entre os anos de 2010 a 2022, passando pelos casos citados acima e também pelas tragédias de Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019; e verificar se os relatórios GRI influenciam positiva ou negativamente no financeiro da empresa e se os relatórios passam, de fato, total transparência.

Carvalho e Siqueira (2007) evidenciaram em seu estudo que apesar da grande adesão ao modelo GRI, algumas empresas latino-americanas não atendem efetivamente a qualidade das diretrizes, havendo a necessidade de evoluir na divulgação de suas informações para que os stakeholders possam usufruir de um relatório mais transparente, devido ao fato de não ser possível identificar informações relevantes que deveriam constar no relatório.

Será adotado 4 variáveis dummy para identifica o 4 tipos de relatório era publicado no Ano, uma para a G3, uma para G4, uma para G4 Standards e por ultimo para GRI Standards .O coeficiente será utilizado neste trabalho com o intuito de relacionar se a divulgação transparente do relatório da GRI afeta ou não o seu lucro líquido. O período analisado da Vale S.A. foi de 2010 a 2022.

Pode-se observar que a relação entre as diretrizes da GRI adotadas pela Vale e a performance financeira durante os anos foi negativa, o que era esperado decorrente das tragédias de Mariana e Brumadinho, ou seja, não correspondendo a realidade. Dessa forma, acredita-se que as diretrizes não mapeavam adequadamente o comportamento responsável das empresas, o que de fato foi comprovado que havia um distanciamento entre o relatado do que era realmente praticado, visto as displicências referentes às vistorias das barragens da Vale.

Foi constatado que os relatórios de sustentabilidade tiveram uma influência negativa nos primeiros anos no resultado financeiro da empresa, muito por conta dos desastres ocorridos em 2015 e 2019. Com a última atualização da GRI foi possível alcançar o resultado positivo, além do recorde de arrecadação, indicando que a atualização e publicação da GRI influencia positivamente no resultado financeiro da empresa. No entanto, o estudo também revelou fragilidades, como a falta de transparência da empresa ao não mencionar questões negativas em seu relatório como os eventos de Brumadinho e Mariana.

ANTONOVZ, Tatiane. Contabilidade ambiental. Curitiba: Intersaberes, 2014. Acesso em: 27 ago. 2022. CARVALHO, Fernanda de Medeiros; SIQUEIRA, Jose Ricardo Maia de. Análise da utilização dos Indicadores Essenciais da Global Reporting Initiative nos relatórios sociais de empresas latino-americanas. Pensar contábil, v. 9, n. 38, 2008. Acesso em: 3 ago. 2022. NOSSA, Valcemiro. Disclosure ambiental: uma análise do conteúdo dos relatórios ambientais de empresas do setor de papel e celulose em nível internacional. 2002. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. Acesso em: 1 jun. 2023