Resumo

O interesse sobre as cadeias de suprimentos tem aumentado significativamente, e questões de sustentabilidade têm acompanhado essa expressiva atenção nas áreas acadêmicas e produtivas, assim como nos setores públicos e privados. Questões referente à preocupação ambiental e social aparecem como fatores preponderantes para resultados positivos das SC’s e eis que surge as Cadeias de Suprimentos Sustentáveis (SSCM’s). A visão de cadeias de suprimentos sustentáveis (Sustainable Supply Chain Management – SSCM) tornou-se indispensável para as tomadas de decisões das organizações em todo o mundo.

Denota-se que o problema desta pesquisa é importante, pois é necessário um entendimento mais robusto da dinâmica da SSCM, sobretudo na cadeia do café que ocorre sobremaneira em países em desenvolvimento (GÓMEZ-LUCIANO et al., 2018) e pouco foi pesquisado sobre SSCM, em países em desenvolvimento (JIA et al., 2018). Desta maneira, o objetivo é entender os mecanismos de atuação sustentável dos cafeicultores e dificuldades face às práticas sustentáveis e as formas como esses obstáculos são superados pelas organizações e os resultados advindos da adoção da sustentabilidade na cadeia como um todo.

Formentini e Taticchi (2016) inferem que a SSCM pode ser entendida como a criação de cadeias de suprimentos coordenadas, por meio da integração voluntária de considerações econômicas, ambientais e sociais com os principais sistemas de negócios interorganizacionais. Para Formentini, Sodhi e Tang (2014), a indústria cafeeira propicia um contexto relevante para investigar SSCM, uma vez que os estágios iniciais da produção de café ocorrem em países emergentes, acarretando questões como segurança e rastreabilidade do produto, bem como as condições de trabalho ou a proteção do ambiente em geral.

No intuito de encontrar dados na literatura, no que tange à visão de cafeicultores sobre as cadeias e práticas sustentáveis, a utilização da análise bibliométrica é relevante, pois a bibliometria, de acordo com Chain et al. (2017), quando aplicada a um campo de conhecimento, torna-se conveniente para a compreensão da sua dinâmica e visualização de tendências na produção científica de forma robusta. Esta abordagem está respaldada em um conjunto de documentos e tem interesses em informações quantitativas e nas redes de relacionamentos entre eles (CHAIN et al., 2017; 2019; PRADO et al, 2016).

Poucos estudos estão relacionados à SCM, quanto mais às ações sustentáveis realizadas pelos cafeicultores, não apenas no Brasil, mas no mundo. Se, por um lado, países que não são produtores de café têm produzido a maioria dos estudos relacionados à SSCM sob a perspectiva das organizações, por outro lado, vemos a carência de trabalhos que foquem no produtor ou que busquem trazer à tona as percepções dos cafeicultores. Nota-se que há uma gama de publicação de papers no que tange à temática da SCM. Contudo, tais estudos vão se afunilando, reduzindo-se a pouquíssimos trabalhos sobre SSCM's.

A bibliometria forneceu dados que comprovam o crescimento de publicações no que diz respeito às SSCM’s, porém com um diminuto número de trabalhos, desse tema, voltado para o setor cafeeiro. Também foi possível inferir que, na base de dados pesquisas, nenhum ou quase nenhum trabalho, no período amostral, preocupou-se em entrevistar a ponta do início da cadeia de suprimentos, que é o cafeicultor, muito menos no que tange aos quesitos de sustentabilidade na produção cafeeira. Portanto, sugere-se novas pesquisas sejam fomentadas que busquem entender as SSCM's pela perspectiva dos cafeicultores.

ALLAOUI, H. et al. (2018). Sustainable agro-food supply chain design using two-stage hybrid multi-objective decision-making approach. Computers & Operations Research, New York, v. 89, p. 369-384, 2018. BALLOU, R. H. (2006). The evolution and future of logistics and supply chain management. Production, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 375-386. JIA, F. et al. (2018). Sustainable supply chain management in developing countries: an analysis of the literature. Journal of Cleaner Production, Amsterdam, v. 189, p. 263-278. INTERNATIONAL COFFEE ORGANIZATION. (2022). Coffee development report. London: ICO.