Resumo

Título do Artigo

FÉ NO MUNDO CORPORATIVO: REFLEXÕES DE UMA PESQUISA COM EXECUTIVOS/AS SEM RELIGIÃO A PARTIR DA EPISTEMOLOGIA AXIOLÓGICA
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Tema

Espiritualidade na Organizações

Autores

Nome
1 - Jonathan Félix de Souza
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PPGCR e PPGA Responsável pela submissão

Reumo

Este artigo busca contribuir com os estudos sobre espiritualidade nas organizações, um tema ainda incipiente nas discussões acadêmicas brasileiras, que apresenta desafios teóricos e metodológicos significativos. Apresentamos aqui resultados parciais de uma pesquisa de doutorado que procura analisar o tema espiritualidade dentro de organizações brasileiras, buscando compreender, na perspectiva da Epistemologia Axiológica (EA), desenvolvida por Marià Corbí, se essa busca está orientada por uma Epistemologia Mítica (EM) ou por uma Epistemologia não mítica (EnM).
Para pesquisas robustas sobre espiritualidade, recomenda-se aprofundar a semântica. A linguagem reflete profundamente nosso sistema de valores coletivos. A hipótese da pesquisa é que mesmo que as práticas de espiritualidade apareçam como algo que não tenha vinculação com a religião institucionalizada, as noções de espiritualidade, encontradas nas organizações, podem estar enraizadas em crenças, que possuem um modelo de submissão a uma verdade que é fixa, o que não corresponde ao paradigma das Sociedades de Conhecimento (SC).
Com um enfoque metodológico e epistemológico baseado nas contribuições de Marià Corbí. A EA oferece uma perspectiva de análise a partir do paradigma da linguagem sobre a construção de sistemas de valores coletivos. Segundo Corbí, a espiritualidade é central na trajetória humana e, para sua completa compreensão, necessita de uma abordagem desprovida de crenças e religiões, adequando-se à natureza fluida das SC. Para Corbí, os conceitos de qualidade humana e qualidade humana profunda traduzem o que antes era denominado espiritualidade, um dado antropológico que não depende das religiões.
Adotando uma abordagem qualitativa, entrevistas foram realizadas com 12 executivas e executivos da lista das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. No processo de análise de dados linguísticos que ocorreu, utilizou-se a análise de similitude para investigar as raízes das palavras. Esse método identificou padrões entre as palavras com base em sua similaridade em termos de raízes e contexto. Por meio dela, compreendeu-se o campo semântico das palavras, esclarecendo a estrutura linguística e proporcionando insights sobre padrões e dinâmicas do grupo.
Ao analisar a semântica da palavra "fé", buscamos entender valores axiológicos. Esta palavra reflete a essência cultural, direcionando interpretação e ação. Mesmo indivíduos sem religião mostram traços de tradições religiosas. Essa observação ilumina a versatilidade da espiritualidade, abrangendo conceitos desde corpo-mente até transcendência e propósito. Estas percepções permeiam interações diárias nas organizações, moldando emoções e atitudes profissionais.
Analisando a fé de líderes sem religião, exploramos como valores axiológicos moldam nossa visão de mundo. Mesmo afastados da religião, muitos são guiados por estes valores na cultura organizacional. O estudo enfatiza a importância de avaliar a espiritualidade nas empresas, considerando influências culturais e a profundidade dos valores na linguagem. Esse entendimento é crucial para compreender seu efeito no ambiente corporativo.
Sobre a espiritualidade nas organizações, destacam-se os estudos de Barreto, Thompson e Feitosa (2010); Silva, Durante e Biscoli (2017); Carneiro, Serafim e Tezza (2018); Martins e Pereira (2009) e Benefiel (2005). Hjelmslev (1975) abordou a teoria da linguagem. Em relação à EA, os trabalhos de Corbí, desde sua tese de 1983 até suas publicações entre 2004 e 2022, são notáveis. Autores que dialogam com essa epistemologia incluem Granés Bayona (2017), Senra e De Souza (2021), e Prat-i-Pubill (2018, 2019), que trouxeram contribuições importantes sobre conhecimento axiológico e gestão.