Resumo

Para além do modelo econômico tradicional, não somente critérios racionais de escolha devem ser contabilizados para que as empresas alcancem e sustentem sua vantagem competitiva, mas também as pressões decorrentes do ambiente institucional. Nessa relação, os stakeholders devem ser considerados, e o aparente antagonismo entre a maximização dos lucros e a Teoria dos Stakeholders deve ser convertido em ações que minimizem conflitos e aumentem a sinergia para que os resultados sejam obtidos.

No cenário institucional, esta pesquisa encontrou a sua oportunidade e relevância buscando responder à seguinte problemática: "O que revelam os estudos recentes que analisaram a relação entre a indústria e o gerenciamento de seus stakeholders? Para responder a essa pergunta central, foram elencadas três questões acessórias: (i) "Qual tipo de indústria e quais stakeholders foram estudados?; (ii) "Qual base teórica foi adotada?"; (iii) "Quais foram os principais resultados desses estudos?".

A pesquisa teve como base a Teoria dos Stakeholders, compreendendo o conceito de Freeman (1984), com referência aos grupos sem o apoio dos quais a organização deixaria de existir. Para a categorização da teoria, recorreu-se a Donaldson e Preston (1995). Também foi abordada a classificação de Clarkson (1995), que dividiu os stakeholders em primários e secundários, e de Mitchell, Agle e Wood (1997), que apresentaram os grupos de stakeholders de acordo com os atributos de poder para influenciar a empresa, legitimidade da relação com a empresa e urgência de reivindicação sobre a empresa.

Foi realizada uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), considerando todas as bases de dados passíveis de acesso pelo Portal de Periódicos CAPES e de exportação de dados para o software EndNote®, sendo artigos revisados por pares, nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa, com acesso aberto, publicados nos últimos 05 (cinco) anos. Os 181 artigos iniciais foram submetidos a critérios de exclusão, restando 18 artigos que foram analisados em profundidade. Para a obtenção de elementos ilustrativos, como nuvem de palavras e painel temático, recorreu-se ao software Bibliometrix/R.

Verificou-se que foram analisadas as indústrias cervejeira, de mineração, energia, alimentícia, marítima, eletrônica, construção, vestuário, óleo de palma, vinho, cacau verde e biomassa, com maior número de trabalhos na indústria de mineração, energia e construção. Quanto aos stakeholders estudados, não se observou uma classificação padrão ou rigorosa, com base em algum parâmetro ou autor. Estudos em indústrias consideradas mais sensíveis socioambientalmente envolveram um leque maior de stakeholders. Os achados apontam para uma gama de oportunidades de estudos na área socioambiental.

As oportunidades de pesquisa incluem uma maior exploração do relacionamento das indústrias expostas às pressões socioambientais com seus stakeholders, com aferição do real impacto das ações divulgadas. A despeito das limitações inerentes a uma RSL, aspira-se que, para além das contribuições teóricas, os achados teóricos cheguem ao mundo corporativo traduzidos em ações práticas que de fato busquem o alinhamento sinérgico positivo entre as organizações e seus stakeholders.

CLARKSON, M. E. A stakeholder framework for analyzing and evaluating corporate social performance. The Academy of Management Review, v. 20, n. 1, 1995. DONALDSON, T.; PRESTON, L. E. The stakeholder theory of the corporation: concepts, evidence, and implications. Academy of Management Review, v. 20, n.1, 1995. FREEMAN, R. E. Strategic management: a stakeholder approach. Boston: Ballinger, 1984. MITCHELL, R. K; AGLE, B. K.; WOOD, D. J. Toward a theory of stakeholder identification and salience. The Academy of Management Review, v. 22, n. 4, 1997.