Resumo

Diariamente os resíduos sólidos que produzimos, popularmente conhecidos como lixo, possuem uma destinação adequada para descarte visando mitigar os impactos ao meio ambiente. Neste contexto as empresas produtoras de bens de consumo começaram a repensar seus processos produtivos e entre as elas, a destinação adequada desses resíduos gerados no pós-consumo. Nesse sentido, a prática da logística reversa aparece como uma possibilidade, mas com o desafio de engajar o consumidor final a participar da ação visto que esse se torna peças-chave para o inicio desse processo.

No ramo do vestuário, as implicações ambientais sobre os resíduos sólidos que advêm dessa cadeia, instigam discussões sobre soluções, remediações e ações alternativas para minimizar de alguma forma o impacto causado pela produção de resíduos de roupas usadas. A logística reversa aparece como alternativa, mas com o desafio de conseguirem engajar o consumidor final a participar da pratica. Assim, o objetivo geral consistiu em identificar e avaliar as principais estratégias de engajamento do consumidor utilizadas por empresas do ramo varejista de vestuário para a prática da logística reversa.

A prática da logística reversa refere-se ao processo da logística como aquele que retorna produtos e materiais após o consumo, visando a reutilização, reciclagem ou o descarte adequado desses (São Paulo, 2014). No cenário do vestuário, a legislação brasileira ainda não exige essa prática das empresas, cabendo a essas a decisão sobre inclusão ou não do serviço. Atualmente as marcas Renner e C&A, duas das principais empresas do ramo de vestuário no setor brasileiro (market share 5% e 3%), optaram pela adesão da prática.

Para compreensão das estratégias de engajamento do consumidor na prática de logística reversa no varejo de vestuário, optou-se pela realização de estudos de caso comparado as práticas da Renner e a C&A por fazerem parte do rol das maiores marcas do setor. Assim, a metodologia estabelecida foi dividida em análise documental e visitas técnicas da pesquisadora à lojas das duas marcas. A análise documental embasou-se em duas fontes principais, o site do e-commerce e o perfil da rede social Instagram das marcas. E as visitas técnicas foram feitas em três lojas de cada marca.

Nos sites oficiais das marcas, assim como nos perfis de Instagram, as divulgações e comunicações sobre os programas de logística reversa ocorrem de maneira simplificada, não sendo nas páginas principais desses meios digitais, ficando em áreas secundárias. Nas lojas visitadas, as urnas de coleta, assim como a disponibilidade de informações possuíam maior visibilidade e notoriedade nas lojas C&A do que nas lojas visitadas da Renner. Porém ainda assim, em ambos casos as divulgações e comunicações se limitaram ao local específico das urnas.

Com base nas análises observadas, foram identificados três possíveis recomendações para a prática de logística reversa no setor varejista de vestuário. A primeira refere-se à melhoria dos pontos de coleta nas lojas físicas, seja em destacar a urna; possuir informações; e funcionários instruídos e engajados. A segunda é aproveitar os principais meios digitais de comunicação para informar, comunicar e engajar o consumidor. E a terceira é utilizar de estratégias de recompensa, como troca ou descontos, até que o consumidor internalize este hábito de participação.

OLIVEIRA, Isaac de. Varejistas de moda devem ir às compras após aquisição da Hering pelo Soma. Estadão. 2021. Disponível em: < https://einvestidor.estadao.com.br/mercado/hering- soma-compra-varejista/>. Acesso em abr. de 2023. SA?O PAULO (Estado), Secretaria do Meio Ambiente. Logi?stica Reversa. Texto Fla?vio de Miranda Ribeiro. – Sa?o Paulo: SMA, 2014. Disponi?vel em: .