Resumo

Nas últimas décadas, iniciativas de Inovações Sociais de Consumo Sustentáveis (ISCS) surgiram entre a classe média urbana, buscando estabelecer alternativas aos estilos de vida intensivos em recursos das classes média e alta globais. No entanto, é necessário entender os impactos desses novos estilos nos padrões de consumo em várias partes do globo.

A pesquisa teve como objetivo explorar como diferentes tipos de ISCS abordam as mudanças nos padrões de consumo da classe média e identificar seu potencial transformador em direção a práticas de consumo mais sustentáveis e equitativas.

O potencial das inovações sociais para induzir estilos de vida sustentáveis tornou-se uma área de interesse para pesquisadores e atores políticos na economia verde. Desta forma, este trabalho se fundamenta no conceito de inovações sociais (práticas alternativas ou novas variações de práticas) aplicadas no contexto do consumo sustentável.

Este artigo se baseia em uma revisão de 57 iniciativas de ISCS coletados entre 2020 e 2023. As iniciativas representam inovações tanto do Brasil quanto da Alemanha, países que representam o Sul e o Norte global.

Foram identificadas quatro categorias analíticas: reformulação dos estilos de vida da classe média, participação no design de sistemas de provisão, questionamento da externalização como característica central dos atuais modos de produção e consumo, e criação de novos "espaços sociais" como elementos alternativos de uma boa vida. Com base nessas categorias, foram identificados três tipos de ISCS: reformistas/"verdes", participativos e de estrutura alternativa, cada um com diferentes impactos na transformação dos estilos de vida da classe média.

O artigo argumenta que as inovações sociais têm o potencial de desafiar as normas dominantes de consumo e promover formas mais sustentáveis e equitativas de consumo, mas também destaca alguns dos desafios e limitações das inovações sociais, como sua tendência a serem cooptadas por estruturas econômicas e políticas dominantes e sua limitada abrangência além de mercados de nicho. O artigo conclui com uma discussão das implicações dessas descobertas para futuras pesquisas e desenvolvimento de políticas voltadas para a promoção de padrões de consumo sustentáveis e equitativos.

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