Resumo

Título do Artigo

A NARRATIVA DOS FATORES DE RISCO SOCIOAMBIENTAL TEM VALOR INFORMATIVO INCREMENTAL?
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Tema

Comunicação, Indicadores e Modelos de Mensuração da Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - José Glauber Cavalcante dos Santos
- FEAAC Responsável pela submissão
2 - ADONAY PHILLIPI CASTRO RIOS FONTELES
Universidade Federal do Ceará - UFC - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade – FEAAC
3 - MICHAEL FELIPE COSTA DE OLIVEIRA
Universidade Federal do Ceará - UFC - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
4 - Paulo Henrique Nobre Parente
- Universidade Federal do Ceará (UFC)

Reumo

A literatura (Baboukardos, 2018; Clarkson, Fang, & Richardson, 2013; Hassel, Nilsson, & Nyquist, 2005; Iatridis, 2013; Middleton, 2015) acumula evidências de que informações de natureza ambiental e social podem influenciar a tomada de decisão de investimento. Com isso, elas afetariam positiva ou negativamente o valor das empresas como reflexo da expectativa que o conteúdo na narrativa revela aos investidores acerca do fluxo de caixa futuro. Contudo, pouco foi investigado acerca da relevância de informações sobre fatores de risco socioambiental.
Diante disso, esta pesquisa propõe o seguinte questionamento: qual o impacto produzido pela narrativa dos fatores de risco socioambiental no valor das empresas de capital aberto que integram o setor de energia elétrica no Brasil? O objetivo deste estudo é examinar o impacto da narrativa dos fatores de risco socioambiental sobre o valor das empresas de capital aberto que integram o setor de energia elétrica no Brasil.
Essa problemática pode ser apresentada à luz da teoria da sinalização de Spence (1973). Os investidores avaliam a “imagem” que a empresa produz por meio da narrativa sobre fatores de risco socioambiental (ou sinais) divulgados nos relatórios. Admite-se que a empresa divulga esse risco se acredita que o custo de sinalizar é inferior ao ganho com a interpretação do sinal pelo receptor (investidor). Cabe ao receptor interpretar os sinais e acreditar que eles refletem a condição do negócio (Spence, 1973).
O estudo analisa dados de empresas do setor de energia elétrica e soma 123 observações no período de 2016 a 2021. Emprega-se o modelo de avaliação dos lucros residuais de Ohlson (1995), segundo o qual o valor da empresa é função do patrimônio líquido, do lucro anormal e de outras informações relevantes. Nesta pesquisa, a variável crítica é a narrativa dos fatores de risco socioambiental divulgados pelas empresas no Formulário de Referência, documento que é disponibilizado no website da bolsa de valores brasileira. São processadas regressões lineares com dados em painel.
Os resultados indicaram que a narrativa dos fatores de risco socioambiental, na média, cresceu ao longo do período investigado. Contudo, as variações são pequenas em períodos de curto prazo, inclusive estatisticamente não significativas. O conteúdo da narrativa geralmente é repetitivo entre os anos, não prioriza informações quantitativas monetárias e não monetárias, tem pouca alteração na fundamentação dos riscos. A principal variável do estudo não dispõe de conteúdo informacional incremental a investidores. Assim, fatores de risco socioambiental não explicam variações no valor da empresa.
A hipótese do estudo foi rejeitada. Os modelos de regressão linear múltipla demonstram que a narrativa dos fatores de risco socioambiental divulgada não tem conteúdo informacional incremental. Nesse sentido, as evidências sugerem que, no mercado de capitais brasileiro, no setor de energia elétrica, os investidores seriam indiferentes à divulgação de informações sobre os fatores de risco socioambiental. Os resultados confrontam a literatura, pois informações gerais que esclarecem o risco são esperadas pelos investidores como meio de determinar o prêmio pelo risco exigido no mercado.
Abraham S., & Shrives, P. J. (2014). Improving the relevance of risk factor disclosure in corporate annual reports. The British Accounting Review, 46, 91-107. http://dx.doi.org/10.1016/j.bar.2013.10.002 Beretta, S., & Bozzolan, S. (2004). A framework for the analysis of firm risk communication. The International Journal of Accounting, 39, 265-288. Li, Y., He, J., & Xiao, M. (2019). Risk disclosure in annual reports and corporate investment efficiency. International Review of Economics and Finance, 63, 138-151. https://doi.org/10.1016/j.iref.2018.08.021