Resumo

A inovação de cunho social e/ou ambiental pode auxiliar diretamente na solução de problemas relacionados à pobreza, desigualdade social e meio ambiente. Desta forma, podem ocorrer oportunidades de inovação que buscam não somente o lucro, mas também trazer benefícios sociais e/ou ambientais. A fim de atender a essas complexas necessidades, as universidades desenvolvem serviços inovadores por meio da coprodução e do compartilhamento e implementação de novos conhecimentos. Neste sentido, as universidades surgem como intermediárias de inovação social, papel que ainda é pouco estudado na literatura

O artigo tem como objetivo compreender quais são os possíveis papéis das universidades enquanto intermediárias para desenvolvimento em IS, tendo como base os trabalhos de Kanda et al. (2019) e Kivimaa e Kern (2016). Desta forma, busca-se um maior entendimento sobre o tema, auxiliando o desenvolvimento de estudos que reduzam as lacunas em relação à dinâmica do relacionamento entre os atores do ecossistema de IS.

A universidade tem o potencial de estimular a IS por meio da educação, se tornando uma intermediária neste processo. A IS pode ser caracterizada como um serviço da universidade empreendedora, que também pode atuar como cocriadora dessas inovações em processos cooperativos. Desse modo, a universidade realiza a implementação de serviços inovadores para lidar com desafios econômicos e sociais complexos, visando elevar o bem-estar por meio da colaboração na geração e aplicação conjunta de novos conhecimentos e habilidades entre os diversos atores.

O estudo se desenvolve por meio dos oito passos propostos por Hoon (2013). Trata-se de um roteiro exploratório-indutivo para síntese dos dados primários de estudos de caso, que tem por objetivo refinar teorias. Assim, foram analisados dez artigos identificados na base Web of Science e quatorze na base Scopus, dos quais dez foram selecionados para compor a presente meta-síntese.

O estudo permitiu encontrar todos os papéis dos intermediários fornecidos pela literatura, identificadas por meio de atividades desenvolvidas pelas universidades como um todo ou por meio dos indivíduos. O papel mais percebido foi “desenvolvimento e difusão de conhecimento” e o de menor ocorrência foi “melhorias de preço-desempenho”. Ademais, dos dez casos estudados, emergiram quatro categorias, a saber: ensino, pesquisa e extensão universitária; parcerias; infraestrutura para IS; e gestão universitária

As universidades podem atuar com papéis distintos enquanto intermediárias para o desenvolvimento da IS, trabalhando de forma mais pontual ou mais global, atingindo públicos internos e externos. A depender de suas atividades de IS, seu papel pode demonstrar mais maturidade quanto à sua “terceira missão”, promovendo iniciativas empreendedoras relacionadas ao desenvolvimento econômico, social e ambiental. Espera-se, com este estudo, contribuir para o debate acerca da compreensão de como as universidades podem absorver um papel de maior destaque para o desenvolvimento da IS.

Hoon, C. (2013). Meta-Synthesis of Qualitative Case Studies: An Approach to Theory Building. Organizational Research Methods, 16(4), 522–556. https://doi.org/10.1177/1094428113484969 Kivimaa, P., & Kern, F. (2016). Creative destruction or mere niche support? Innovation policy mixes for sustainability transitions. Research Policy, 45(1), 205–217. https://doi.org/10.1016/j.respol.2015.09.008 Kanda, W., Río, P. del, Hjelm, O., & Bienkowska, D. (2019). A technological innovation systems approach to analyse the roles of intermediaries in eco-innovation. Journal of Cleaner Production, 227, 1136–1148