Resumo

Título do Artigo

DA ÁGUA AO SECO: Uma Investigação das Mudanças na Prática da Limpeza de Ônibus Urbano
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Tema

Inovação para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Daniela Giareta Durante
Universidade Federal do Ceará - UFC - Departamento de Administração
2 - Diego de Queiroz Machado
- Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria (PPAC/UFC) Responsável pela submissão
3 - José Carlos Lázaro da Silva Filho
- Universidade Federal do Ceará

Reumo

Historicamente, a sustentabilidade nas organizações tem sido abordada de forma instrumental, priorizando o crescimento, lucro, eficiência e exploração da natureza. Uma nova abordagem, baseada nas teorias das práticas sociais, emerge como uma maneira de entender a sustentabilidade organizacional. Nos últimos anos, esse enfoque tem se intensificado, especialmente no consumo e uso de recursos ambientais e sociais. Diversos autores têm revisado as teorias das práticas para aplicá-las ao contexto da busca por um mundo mais sustentável.
O questionamento levantado foi: como um feixe de práticas operacionais em uma empresa pode mudar para mais sustentável? Para tal discussão, partiu-se da análise de uma empresa de transporte coletivo urbano, com foco na limpeza veicular. A limpeza costuma ser um campo fértil para estudos da sustentabilidade, além de estar em destaque durante a pandemia da covid-19, período da coleta dos dados empíricos. Assim, o objetivo foi compreender a mudança conduzida na prática da limpeza interna dos ônibus, substituindo a água corrente pela limpeza a seco.
A fundamentação teórica explora a natureza das práticas sociais de sustentabilidade, utilizando uma abordagem tridimensional, que destaca as práticas a partir de entendimentos, regras explícitas e uma estrutura teleoafetiva, influenciando como as ações são realizadas e por que são realizadas (SCHATZKI, 2005, 2006, 2013, 2019). Discute-se a mudança social como o resultado do surgimento de diferenças significativas nas práticas e arranjos materiais, enfatizando-se que até as mudanças sutis são importantes para promover a sustentabilidade no dia a dia das atividades humanas.
Adotou-se a abordagem interpretativa, condizente com esta postura ontoepistemológica, tendo como unidade de análise a prática da limpeza interna dos ônibus e os elementos que a compõe. Enquanto método, foi realizado um estudo de caso com inspiração etnográfica. A composição do corpus empírico ocorreu entre maio de 2021 e dezembro de 2022, abrangeu documentos, entrevistas e observações, com produção do diário de campo. O trabalho de campo aconteceu simultaneamente à análise, em um movimento constante de idas e vindas.
A investigação aprofundada dos elementos essenciais envolvidos na prática de limpeza interna dos ônibus, incluindo a rotina estabelecida, o contexto peculiar da organização, a origem da inovação, os procedimentos de implementação e os resultados alcançados com a adoção do novo procedimento. A mudança resultou em uma prática de limpeza mais sustentável, economizando água, preservando os veículos, reduzindo custos e tempo de manutenção. A análise das práticas sociais destacou a importância dos agentes envolvidos em diferentes momentos da mudança.
A complexidade desse estudo sugere a existência de múltiplas considerações que extrapolam o escopo atual e a extensão deste documento, o que é inerente à natureza da pesquisa qualitativa. Adicionalmente, este estudo aponta para a perspectiva de futuras contribuições significativas que podem surgir da interseção entre aprendizado, práticas sociais e sustentabilidade. Reconhece-se que a efetiva mudança requer a aquisição de novo conhecimento como um precursor essencial para a implementação de ações efetivas.
SCHATZKI, T. R. The sites of organizations. Organization Studies, v. 26, n. 3, p. 465-484, 2005. SCHATZKI, T. R. On organizations as they happen, Organization Studies, v. 27, n. 12, p. 1863–1873, 2006. SCHATZKI, T. R. The edge of change: on the emergence, persistence, and dissolution of practices. In: SHOVE, E. SPURLING, N. (Eds). Sustainable practices: social theory and climate change. London, Routledge. 2013. Cap. 3. SCHATZKI, T. R. Social change in a material world. London: Routledge. 2019.