Resumo

Título do Artigo

POSSIBILIDADES PARA A INOVAÇÃO COLABORATIVA NA GESTÃO DAS ÁGUAS: a rede OGA Brasil e o Protocolo de Monitoramento da Governança das Águas
Abrir Arquivo

Tema

Inovação para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Cristina Camila Teles Saldanha
Universidade Federal de Minas Gerais - Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (CEPEAD) Responsável pela submissão
2 - Fernanda Matos
Universidade Federal de Minas Gerais - FACE / CEPEAD / NEOS
3 - Priscila Marcon
-

Reumo

A inovação colaborativa (IC) pode ser a alternativa para lidar com problemas complexos de difícil diagnóstico visto que os agentes públicos sozinhos não teriam capacidade e recursos para saná-los. Por isso, os atores governamentais realizam parcerias com stakeholders externos às organizações públicas para localizar soluções inovadoras. Na área ambiental, a Gestão de Recursos Hídricos (GRHidro) têm problemas que podem se beneficiar com IC e para auxiliar a rede Observatório da Governança das Águas (OGA Brasil) concebeu um Protocolo para acompanhar a dinâmica da governança na gestão das águas.
O problema de pesquisa e objetivo geral é analisar em que extensão os membros da rede OGA Brasil consideram que as iniciativas decorrentes do Protocolo contribuem para a IC na GRHidro? Já os objetivos específicos são: i) identificar como os representantes do OGA Brasil entendem por “inovação” na GRHidro; ii) apresentar os antecedentes de inovação; iii) identificar e explicar as categorias de análise dentro do processo de IC. A premissa deste estudo é a constatação do Protocolo como uma inovação gerencial adotada em arranjos de governança (comitês) que oportuniza outras inovações na GRHidro.
A noção de IC associa dois constructos – inovação pública e colaboração. A IC corresponde a novos serviços, novas práticas gerenciais, novas políticas, novas soluções para os dilemas públicos que sejam concebidos por vias colaborativas através de cocriação. Neste estudo, a investigação da IC segue um Esquema de Análise com a seguinte estrutura: antecedentes da IC que são os motivadores para inovar pela colaboração, o processo de IC, idealizado em três categorias – a abertura do arranjo de governança, a aprendizagem e a liderança em distintos papéis e funções – e eventuais resultados de IC.
Este trabalho é de natureza qualitativa e descritiva a partir do estudo de caso da rede OGA Brasil. As técnicas de coleta de dados foram o levantamento documental em materiais como relatórios e atas disponibilizadas online e a realização de entrevistas semiestruturadas com membros do OGA. Quanto às técnicas de análise dos resultados, optou-se pela análise de conteúdo na seleção prévia a "priori" das categorias de análise no referencial teórico e pela triangulação de perspectivas em que as percepções dos entrevistados são cruzadas em termos de convergência, divergência e complementaridade.
Os entrevistados convergiram em alguns pontos como: a constância participativa do setor público e da sociedade civil, a abertura dos comitês, a recorrência do conflito, o potencial da troca de experiências na aprendizagem, lideranças militantes para criar perturbações ainda que persistam os grupos de interesse dominantes e sair do campo das ideias e concretizar ações. As divergências foram os apontamentos sobre o interesse da iniciativa privada durante a construção do Protocolo e o lado positivo do conflito. Já a complementaridade decorre do indicativo de plataformização digital do Protocolo.
Por ser uma pesquisa em andamento, estes achados representam um recorte do fenômeno estudado – IC na GRHidro por meio do Protocolo OGA. Em suma, os resultados detectaram majoritariamente a convergência das percepções dos membros da rede OGA com relação ao Esquema de Análise proposto deste estudo. Ademais, os resultados obtidos estão próximos da premissa deste estudo já que os membros do OGA percebem o Protocolo como uma inovação na GRHidro. Os próximos passos serão avançar a análise para o nível exploratório, entrevistando os representantes dos comitês e cruzando os dados futuros e atuais.
Ansell, C., & Gash, A. (2008). Collaborative Governance in Theory and Practice. Journal of Public Administration Research and Theory, 18(4), 543–571. Isidro, A. (2018). Gestão Pública Inovadora: um guia para a inovação no setor público. CRV. Torfing, J. (2016). Collaborative Innovation in the Public Sector (Kindle). Georgetown University Press. Vogl, S., Schmidt, E. M., & Zartler, U. (2019). Triangulating perspectives: ontology and epistemology in the analysis of qualitative multiple perspective interviews. International Journal of Social Research Methodology, 22(6), 611–624.