Resumo

Título do Artigo

Inserção de pessoas transgêneras no mercado de trabalho: desafios enfrentados durante os processos seletivos
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Tema

Gestão de Pessoas e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Mateus Barreto Flausino
Universidade Federal de Lavras - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas Responsável pela submissão
2 - Júlia Mitsue Vieira Cruz Kumasaka
FEA/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP - FEA/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP
3 - Fernanda Nunes Maciel
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Reumo

Em meio à crescente discussão acerca da diversidade, a LGBTQIAP+fobia se apresenta de diversas formas, inclusive no mundo do trabalho. Para o grupo das pessoas transgêneras, termo guarda-chuva utilizado para contemplar indivíduos que não se identificam com o gênero atribuído ao nascimento, a participação no mercado de trabalho formal ainda é insipiente.
Segundo a ANTRA (2021), no Brasil apenas 4% das mulheres trans estão empregadas formalmente, 6% se encontram em regimes informais e de subempregos e 90% delas têm como fonte primária de renda a prostituição. Dentre as razões para tal, tem-se a transfobia cotidiana e estrutural existente. Considerando a problemática, existe a necessidade de serem realizadas modificações nas estruturas do mercado de trabalho a identificação dos principais desafios enfrentados pelas pessoas transgêneras durante a participação em processos seletivos do mercado formal é o objetivo principal a ser alcançado.
A diversidade considera fatores históricos, sociais, econômicos, políticos e culturais e de desenvolve de maneira dinâmica, sendo um conceito guarda-chuva (FRAGA et al., 2021). Por transgênero, entende-se o indivíduo que não se reconhece com o gênero atribuído ao nascimento (JESUS, 2012). Em geral, as oportunidades no mercado de trabalho formal são mais escassas para pessoas transgêneras (BAGGIO, 2017) e, como mostrado por Carieri et al. (2014), existem dificuldades tanto de inserção, como de permanência no mercado.
Realizou-se uma pesquisa quantitativa com pessoas transgêneras que participaram de, ao menos, um processo de seleção. A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário com uso da escala Likert, disponibilizado via Google Forms e, para o contato com os respondentes, algumas instituições atuantes com esse grupo foram contatadas, bem como pessoas que não necessariamente eram ligadas a elas, e o método bola de neve foi empregado. Além disso, o questionário também foi disponibilizado em algumas redes sociais. Ao todo, houve 31 participações válidas.
Destacam-se que os principais desafios percebidos estavam relacionados à necessidade de retificação dos documentos, ao conceito de passabilidade e ao despreparo dos profissionais atuantes nos processos seletivos. A cisgeneridade compulsória, presente nas relações sociais, levaram as pessoas transgêneras até barreiras de inserção profissional e as falhas estruturais existentes nos processos seletivos reforçaram a transfobia existente na sociedade.
O não conhecimento e aceitação dos corpos transgêneros como corpos que não são e não precisam se aproximar dos cisgêneros, ou seja, serem passáveis, são pontos que endossam desafios às pessoas trangêneras durante as tentativas de inserção no mercado de trabalho formal. O treinamento dos profissionais, preferencialmente com pessoas transgêneras, é uma ação sugerida. Como contribuição e limitação da pesquisa, tem-se, respectivamente, o impacto (acadêmico e social) e o número de respondentes. Para trabalhos futuros, sugere-se a realização de pesquisas qualitativas.
Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil [ANTRA] e Instituto Brasileiro Trans de Educação [IBTE] (2021). Dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2020. Disponível em: < https://antrabrasil.files.wordpress.com/2021/01/dossie-trans-2021-29jan2021.pdf>. Acesso em: 02 set. 2023. Carrieri, A. D. P., Souza, E. M. D., & Aguiar, A. R. C. (2014). Trabalho, violência e sexualidade: estudo de lésbicas, travestis e transexuais. Revista de Administração Contemporânea, 18, 78-95. (As demais referências não souberam aqui, mas estão no arquivo).