Resumo

Título do Artigo

O ANTROPOCENO NO CAPITALISMO: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE O CONCEITO DE CAPITALOCENO
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Tema

Gestão Ambiental

Autores

Nome
1 - Paula Ferreira Ribeiro
Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES - Campus Darcy Ribeiro
2 - Valderí de Castro Alcântara
Universidade Federal de Minas Gerais - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Responsável pela submissão
3 - André Luiz de Paiva
Centro de Ensino Superior de São Gotardo - Universidade Federal de Lavras

Reumo

A noção de Antropoceno foi trazida por Paul Crutzen e colaboradores, referindo-se ao período presente, em que os seres humanos adquiriram o papel de uma força geológica sobre o planeta. O termo ganhou expressividade nas publicações nos últimos 10 anos e em pesquisas sobre mudanças climáticas, ecologia política, conservação, sustentabilidade, gestão socioambiental, ecologia, incluindo as ciências humanas e sociais. Mais recentemente, divergindo da noção de Antropoceno, surgiu o termo Capitaloceno. O Capitaloceno enfatiza o papel do capitalismo como determinante das crises ambientais.
Partimos do seguinte problema de pesquisa: Como se configura o campo dos estudos sobre o Capitaloceno? Tendo em vista o exposto, o objetivo deste estudo é analisar a configuração do campo dos estudos sobre o Capitaloceno, destacando as reivindicações associadas a esse conceito em relação à noção de Antropoceno. Para alcançar o objetivo proposto, realizamos uma busca na base de dados Scopus, da editora Elsevier. O estudo segue as agendas de pesquisa apresentadas por Alcântara et al. (2020), Brondizio et al. (2016), Belli (2017) e Simangan (2020).
O conceito do Antropoceno ainda não se consolidou e está envolto em diferentes controvérsias como aquelas relacionadas a datação (STEFFEN et al., 2007) ou as questões políticas e ideológicas (MOORE, 2022). A posição deste último autor é que o Antropoceno é um conceito eurocêntrico e que peca por não abranger a crítica ao capitalismo para pensar as crises ecológicas. Assim, acaba retirando o peso do capital como forma de dominação e exploração da natureza. O termo Capitaloceno consegue descrever melhor as crises e desastres ecológicos contemporâneos que o Antropoceno.
No que se refere aos procedimentos de busca, organização e análise, optamos pelo framework de Prado et al., (2016) conforme adaptado em Silva et al. (2018). Definimos a Scopus como base de dados e encontramos 150 artigos. Na frente de pesquisa analisamos o volume das publicações, os autores mais profícuos, os artigos mais citados, os países dos autores, os periódicos, as áreas, as palavras-chave e discutimos as relações e tendências. Na análise da base intelectual, focamos na análise das redes de cocitação de periódicos e autores com a descrição, o estudo das relações e tendências observadas
O campo de pesquisa vem crescendo nos último 5 anos; o texto com maior número de citações é "The Capitalocene, Part I: on the nature and origins of our ecological crisis" de Moore, autor com maior número de artigos sobre o tema e também o principal divulgador; as principais palavras-chave dos estudos são: Antropoceno, Capitaloceno, capitalismo, mudança climática e ecologia política; as referências mais citadas nos artigos são: “Capitalism in the web of life: ecology and the accumulation of capital” de Moore e “Planet politics: a manifesto from the end of IR” de Burke e colaboradores.
Enquanto o Antropoceno coloca ênfase nas atividades humanas em geral (antropos) como responsáveis pelas mudanças climáticas e degradação ambiental, o Capitaloceno destaca o papel do sistema capitalista e suas estruturas econômicas e sistemas de poder que perpetuam a exploração da natureza. Contudo, percebemos que o campo de estudos sobre Capitaloceno ainda é incipiente e vem recebendo atenção centrada ainda nas Ciências Humanas e Sociais. Em outras palavras, o alcance da discussão sobre Capitaloceno é menor do que sobre Antropoceno.
CRUTZEN, P. J.; STOERMER, E. F. The ‘Anthropocene’. IGBP Newsletter, v. 41, n 12, 2000. HARAWAY, D. Anthropocene, capitalocene, plantationocene, chthulucene: Making kin. Environmental humanities, v. 6, n. 1, p. 159-165, 2015. MOORE, J. W. The Capitalocene, Part I: on the nature and origins of our ecological crisis. The Journal of peasant studies, v. 44, n. 3, p. 594-630, 2017a. MOORE, J. W. Antropoceno ou capitaloceno: Natureza, história e a crise do capitalismo, organizado. São Paulo: Elefante, 2022.