Resumo

O papel dos bancos na sociedade é um tema de constante discussão dado sua relevância no sistema financeiro dos países. Logo, interessa aos stakeholders acompanharem seu desempenho por meio de métricas e relatórios (não) financeiros, incluindo os scores de environment, social and corporate governance (ESG). A criação de valor indica ao mercado que o banco está cumprindo um de seus compromissos mais elementares junto aos acionistas. Já a adoção de práticas sustentáveis sinaliza o compromisso da instituição com sua continuidade no longo prazo.

Estudos identificam uma relação controversa entre a implementação das práticas sustentáveis e o valor dos bancos. Tal fato indica que esse tema ainda não está consensado na indústria bancária. Além disso, essa discussão também é pouco realizada entre os países emergentes, não obstante sua relevância crescente na economia mundial. Assim sendo, esse estudo tem por objetivo analisar o impacto das práticas sustentáveis no valor dos bancos de economias emergentes.

A atual ausência de consenso sobre o impacto das práticas sustentáveis na indústria bancária pode ser um indício da existência de atritos relacionados à eficiência de mercado, decorrentes de assimetria informacional, conflitos de agência e falta de sinalização adequada entre os distintos stakeholders. Por serem entidades de interesse público - com grandes responsabilidades junto aos seus stakeholders - qualquer falha cometida os afeta negativamente. Ao contrário, a implementação de práticas sustentáveis sinaliza ao mercado que que o banco está comprometido com sua continuidade no longo prazo.

A amostra final é composta por 111 bancos localizados em 28 países emergentes. Os dados são obtidos a partir da base da Capital IQ, Bloomberg e Banco Mundial para o período de 2013 a 2022. A verificação da H1 – As práticas sustentáveis impactam o valor dos bancos - é feita por meio de uma regressão com dados empilhados. A robustez dos resultados é verificada pela regressão linear de duas subamostras – bancos com alto e baixo valor.

Os resultados confirmam a H1, apontando para uma relação negativa entre os scores de ESG e o valor dos bancos nos países emergentes. A sinalização dada ao mercado é que bancos e acionistas estão dispostos a renunciarem a retornos maiores no curto prazo, mediante seu compromisso social e ambiental de longo prazo. Ademais, esse resultado também auxilia a compreender a abordagem de algumas autoridades bancárias que concentram sua supervisão nos riscos de ESG – como os ambientais. Essa abordagem incentiva os bancos a migrarem para um modelo de negócio mais sustentável.

Há investidores que entendem que a alocação de recursos em práticas sustentáveis desvia o foco principal dos bancos de gerar riqueza aos seus acionistas, para atender aos interesses dos demais stakeholders. Entretanto, as mudanças de legislação impostas pelas autoridades reguladoras – como a política de “pratique ou explique” – encoraja o mercado a aceitar o retorno dessas medidas no médio e longo prazo. O resultado obtido pode direcionar a manutenção ou alteração das políticas adotadas em termos de estímulo à adoção das práticas sustentáveis pelas instituições.

Bhaskaran, R. K., Sujit, K. S., & Mongia, S. (2023). Linkage between performance and sustainability initiatives in banking sector – An empirical examination. International Journal of Productivity and Performance Management, 72(1), 200-225. https://doi.org/10.1108/IJPPM-07-2020-0385 Koapaha, H.P. (2023). The impact of net interest income and ESG on bank performance. Indonesian Journal of Business Analytics, 3(2), 503-512. https://doi.org/10.55927/ijba.v3i2.3961