Resumo

A problemática relacionada aos resíduos da indústria madeireira se inicia desde a extração da madeira, passando por todas as etapas do processamento e termina por ser mais sentida no momento da destinação desses resíduos que por vezes é descartado de forma incorreta causando impactos ambientais negativos (BAUER e SELLITTO, 2019). A gestão de resíduos sólidos é um tema emergentes em diferentes setores empresariais e, também está presente na indústria madeireira que tem desenvolvido formas de melhorar a eficiência dos processos afim de reduzir os desperdícios e a degradação ambiental.

como proposta de pesquisa responder a seguinte questão: como são tratados os resíduos gerados por empresas do setor de madeira e mobiliário da cidade de Campina Grande -PB? Para responder esta questão, esta pesquisa tem o objetivo de descrever a forma de gerenciamento dos resíduos sólidos gerados em empresas do setor madeira e mobiliário, que estão instaladas na cidade de Campina Grande-PB. Para tanto, buscou-se apresentar brevemente as empresas estudadas e seus respectivos processos produtivos para, posteriormente, descrever aspectos da gestão de resíduos sólidos nestas empresas.

A geração de resíduos é consequência direta do processamento de madeira, pois está presente desde a extração da matéria-prima até a obtenção do produto final. O percentual de desperdícios presentes na indústria de processamento primário/secundário gira em torno de 30% (CERQUEIRA et al., 2012). Na indústria de processamento terciário o percentual de desperdício tende a ser menor, em torno e 20% (CAETANO, DEPIZZOL e REIS, 2017). Leite (2009) apresenta alguns conceitos relacionados à logística reversa que também podem ser incluídos no ramo de madeira/mobiliário.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos a pesquisa se classifica como estudo de casos (são estudadas duas empresas do setor madeira mobiliário) pois “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2002, p. 54). Foram estudadas duas empresas: a primeira, aqui identificada como AX e a segunda, identificada como Projetados. A escolha destas empresas também se deu em função de ambas atuarem no setor madeira e mobiliário. Após a coleta de dados, o tratamento ocorreu de forma qualitativa.

Em relação à logística reversa foi possível perceber que as empresas fazem uso dos canais reversos reuso, reciclagem e destinação final segura. Para exemplificar esse uso pode-se citar o reuso de sobras de madeira na empresa AX para produção de peças menores, assim como na empresa Projetados as sobras de MDF também conseguem ser reaproveitadas dentro do processo produtivo. Em relação à reciclagem ambas as empresas fazem uso da reciclagem externa através do encaminhamento dos materiais aptos à reciclagem para cooperativas ou catadores.

Com a realização das entrevistas e das visitas para observação, foi possível perceber que nenhuma das empresas estudadas possui Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Além disso, os gestores das duas empresas têm pouco conhecimento acerca dos conceitos de logística reversa e, por mais que estejam fazendo atividades de logística reversa, fazem porque estão familiarizados com estas ações no setor, além de recuperarem, em alguns casos (quando são vendidos os resíduos), um pouco dos custos de aquisição dos materiais que geram estes resíduos.

CAETANO, Miraya Dutra Degli Esposti; DEPIZZOL, Daniela Bertolini; REIS, Adriana de Oliveira Pereira dos. Análise do gerenciamento de resíduos sólidos e proposição de melhorias: estudo de caso em uma marcenaria de Cariacica, ES. Gestão & Produção, v. 24, p. 382-394, 2017. CERQUEIRA, Pedro Henrique Alcântara de et al. Análise dos resíduos madeireiros gerados pelas serrarias do município de Eunápolis-BA. Floresta e Ambiente, v. 19, p. 506-510, 2012. LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 2 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2009.