Resumo

Título do Artigo

INSTITUCIONALIZANDO PRINCÍPIOS DA ECONOMIA CIRCULAR NAS FASES DE DESIGN E FABRICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS
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Tema

Operações sustentáveis e Economia Circular

Autores

Nome
1 - Raphael Salviano de Souza
UNB Universidade de Brasília - Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas - FACE/UnB Responsável pela submissão
2 - Patricia Guarnieri
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Reumo

Os resíduos de equipamentos eletrônicos estão crescendo rapidamente no Brasil e no mundo, tornando-se um problema global. O Brasil é o segundo maior produtor de lixo eletrônico nas Américas, representando 16,36% do continente, com uma média de 10,2 kg por pessoa. Apenas 3% desses resíduos são reintegrados nas cadeias de valor formais, e os materiais valiosos são exportados para reciclagem industrial. Isso se deve em parte ao design de produtos que prioriza o uso, ignorando a recuperação de valor no pós-consumo, conforme apontado pela Ellen MacArthur Foundation em 2017.
O presente artigo tem como objetivo levantar alternativas para a institucionalização dos princípios da economia circular nas fases de design e fabricação de equipamentos junto a diferentes stakeholders.
A aplicação de princípios da economia circular às fases de design e fabricação de equipamentos eletroeletrônicos tem um grande potencial de contribuir com o aprimoramento da cadeia de revalorização dos REEE, na medida em que representa uma oportunidade econômica relevante para a recuperação de recursos materiais caros e escassos, além de contribuir para a redução da emissão de gases do efeito estufa (especialmente relacionados à cadeia de suprimentos) e do impacto ambiental da produção e do consumo desse tipo de equipamento (Bressanelli et al., 2021; Cucchiella et al., 2015).
Realizou-se pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas (n = 12). As transcrições das entrevistas foram tabuladas em planilha eletrônica, com apoio do software Microsoft Excel®, para possibilitar a análise dos dados e estruturação do problema de pesquisa segundo a abordagem SODA, que consiste em uma abordagem Soft OR utilizada para a identificação de problemas gerais por meio da modelagem de mapas cognitivos para elicitar e registrar a visão de um grupo de indivíduos sobre uma determinada situação problema (Eden & Ackermann, 2001; Mingers & Rosenhead, 2004; Rosenhead, 1996).
O mapa agregado apresenta três clusters de opções estratégicas. O primeiro cluster envolve estratégias para recuperar valor dos recursos presentes nos equipamentos, essenciais para melhorar a cadeia de revalorização, incluindo logística reversa e mineração urbana. O segundo cluster aborda como adicionar valor aos recursos dos equipamentos, promovendo soluções sustentáveis e influenciando os processos de design e fabricação. O terceiro cluster se concentra em estratégias para manter o valor dos recursos nos equipamentos, prolongando sua vida útil, possivelmente afetando o design e a fabricação.
A pesquisa contribui em termos práticos ao apontar estratégias com base nos princípios da economia circular referentes à adição, recuperação e retenção de valor, a serem adotadas nos processos de design e fabricação de equipamentos; em termos científicos ao explorar lacunas apontadas por Guarnieri et al. (2016), Guarnieri e Kremer (2019), Bressanelli et al. (2020) e EMF (2017); e, em termos metodológicos, ao testar a aplicação da abordagem SODA como método de estruturação de problema para propor o endereçamento de soluções à problemática da revalorização de REEE no Brasil.
EMF. (2017). Uma economia circular no Brasil: Uma abordagem exploratória inicial. Bressanelli, G., Saccani, N., Pigosso, D. C. A., & Perona, M. (2020). Circular Economy in the WEEE industry: a systematic literature review and a research agenda. Sustainable Production and Consumption, 23, 174–188. Rosenhead, J. (1996). What’s the problem? An introduction to problem structuring methods. Interfaces, 26(6), 117–131. Brasil. (2019). Acordo setorial para implementação de sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos de uso doméstico e seus componentes. In Brasília/DF (p. 31).