Reumo
A criação da especialidade Medicina de Família e Comunidade, teve sua ascensão como um movimento de resistência à fragmentação médica e à desumanização da assistência em saúde, incluindo competências e habilidades de formação centradas na pessoa e valorizando as relações familiares e o componente comunitário como essenciais para a visão ampla de saúde global e de bem-estar. Atrelada a isso, competências de visão ampla de saúde coletiva e gestão populacional, assim como o compromisso médico relacionado ao gerenciamento de unidades de saúde da família são intrínsecas à formação de residências médicas nesta especialidade, porém tal desenvolvimento se encontra restrito em apenas 2 anos de especialização. Unido a essa realidade, é crescente a demanda de investimentos na formação de gestores alinhados ao compromisso com o meio ambiente e Saúde Planetária, priorizando iniciativas sustentáveis e dialogando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Porém, para a mudança de culturas organizacionais em saúde do desperdício, da ausência de gestão racional de resíduos e recursos, e que não priorizam a manutenção de uma ambiência verde, ao lado da natureza e preservação de recursos ambientais, é essencial a implementação, em municípios e instituições com potencial e forte linha de gestão, de programas formadores de médicos gestores tendo tal especialidade holística como pré-requisito. Este trabalho dialoga com a experiência de uma médica de família e comunidade inserida na primeira turma de formação em gestores médicos ligada ao programa de residência de medicina de família e que busca a mudança de paradigmas e atitudes em relação ao perfil de gestão sustentável e alinhada à elevação de populações e áreas prioritárias para a resolução de novos problemas em saúde pública, como é o caso da multimorbidade e mudanças ambientais afetando o bem-estar e todas as formas de vida na terra.