Resumo

Título do Artigo

UMA ANÁLISE SOBRE POSSÍVEIS CENÁRIOS NO BRASIL SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
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Tema

Gestão Ambiental

Autores

Nome
1 - Karenine Maximo de Oliveira Landim
Universidade Federado do Cariri - Engenharia Civil
2 - Cicero Isac da SIlva Faria
-
3 - Domenico Ceglia
- Escola de Administração Responsável pela submissão

Reumo

Relatórios de mudanças climáticas indicam que os resíduos sólidos geraram grandes quantidades de CO2 equivalente devido ao descarte aberto e ao gás de aterro não gerenciado, especialmente em países de baixa renda com resíduos orgânicos não coletados e baixa intensidade energética. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece metas para gestão de resíduos, promovendo reciclagem, recuperação energética e compostagem com a participação de agentes econômicos. Um sistema eficaz de gestão de resíduos precede um planejamento abrangente, que pode ser baseado na análise de cenários que considerem o ciclo de vida completo da gestão de resíduos, considerando a situação atual, explorando cenários potenciais e avaliando os benefícios de abordagens alternativas para o desenvolvimento do setor. Pesquisadores que compararam métodos de tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil usando Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) destacam a falta de análise do transporte de RSU e a necessidade de investigar a digestão anaeróbica, além de apontarem a necessidade de considerar taxas de reciclagem práticas e quantificar a receita de GEE pela redução da demanda de energia e emissões de CO? biogênico. Dessa forma, este estudo usa ACV para analisar os impactos ambientais de alternativas de gestão de RSU em uma cidade brasileira, com o objetivo de apresentar opções viáveis ainda não aplicadas na região, otimizar as instalações existentes, quantificar as emissões de gases de efeito estufa e propor cenários ideais de ecoeficiência para a realidade local. Os cenários propostos no estudo seguem as diretrizes da PNRS e buscam melhorar o sistema de gestão de resíduos em Cajazeiras – PB, que gera 10,59 mil toneladas anuais, com mais da metade sendo resíduos orgânicos. Atualmente, a Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR) recupera 3,49% desses resíduos. O estudo sugere otimizar a UPMR e explorar alternativas como compostagem, digestão anaeróbica e queima de biogás. Três cenários incluem novas unidades de gestão, melhorias no tratamento de lixiviados, integração de sistemas de ventilação e queima de gás, e tratamento anaeróbio para gerar eletricidade. As emissões de gases de efeito estufa (GEE) foram calculadas usando o método IPCC, que estima CO?, CH? e N?O das categorias de disposição de resíduos, tratamento biológico e tratamento de águas residuais. As emissões de CO? mitigadas pela reciclagem e o crédito de carbono pela recuperação de materiais e geração de energia foram calculados conforme as diretrizes da UNFCCC. No cenário base de Cajazeiras (C0), a gestão de resíduos envolve compõe aterro com queima de biogás em flare e reciclagem com UPMR. No cenário 1, além da reciclagem com UPMR, há um novo centro de reciclagem, e aterramento. O cenário 2, compõe reciclagem com UPMR e realiza-se compostagem dos orgânicos e aterramento dos residuais. O cenário 3 (C3), compõe reciclagem com UPMR, digestão anaeróbica para gerar eletricidade dos orgânicos, e aterramento dos residuais. As análises de sensibilidade mostraram que o cenário 0 teve o melhor desempenho em emissões totais, seguido pelos cenários 3 e 2. O cenário 1 apresentou o pior desempenho ambiental, com 70% mais emissões que o cenário atual, indicando que a reciclagem nem sempre é a melhor opção em termos de emissões de GEE. A avaliação ambiental com metodologia LCA revelou que o cenário atual é mais eficiente para aquecimento global. Apesar da intenção de melhorar a sustentabilidade do sistema de gestão de resíduos em Cajazeiras, os cenários propostos aumentaram as emissões líquidas de carbono devido ao incremento na eficiência da reciclagem. A redução líquida de emissões de carbono aumentou com a melhoria da eficiência de reciclagem e a proposta de um novo centro de reciclagem, como no cenário 1, que teve o pior desempenho. No cenário 1, a reciclagem aumentou 23,45% em relação ao cenário 0, resultando em maiores emissões de reciclagem (77.421 CO2eq) comparadas às do aterro (67.546 CO2eq), apesar de o aterro receber 73,04% dos resíduos. Isso ocorre porque resíduos recicláveis não geram emissões de decomposição nos primeiros 30 anos quando aterrados. A reciclagem sem a unidade de processamento é mais vantajosa, com 2,8 vezes menos emissões devido às emissões indiretas do transporte e consumo de eletricidade na UPMR. O tratamento biológico, especialmente a digestão anaeróbica, mostrou vantagens significativas, com 17 vezes menos emissões do que a compostagem, devido ao menor vazamento de carbono e à produção de eletricidade. A gestão por biogaseificação e recuperação de energia (C3) apresentou a maior redução de emissões de CO2, superando outras alternativas ao cenário atual. De acordo com este estudo, a implantação do tratamento orgânico é indispensável para a redução drástica das emissões de GEE. Para contribuir ainda mais para a redução das emissões de CO2, propõe-se que as unidades de compostagem e digestão anaeróbica sejam localizadas na cidade de Cajazeiras, mitigando grande parte das emissões relacionadas ao transporte. Além disso, sugere-se a otimização das rotas de coleta seletiva para minimizar o impacto ambiental do transporte em todos os cenários, com ênfase na coleta seletiva. Neste estudo, as alternativas de gestão de resíduos foram analisadas exclusivamente sob a perspectiva ambiental na categoria de aquecimento global por emissão de CO2. Portanto, é aconselhável complementar essa análise com outras ferramentas de tomada de decisão que levem em conta os impactos econômicos e sociais da gestão de resíduos sólidos. O estudo buscou preencher a lacuna na pesquisa ao quantificar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diferentes métodos de gerenciamento de resíduos, propondo um caminho para uma gestão local mais sustentável. Espera-se que o estudo sirva de referência para políticas ambientais em cidades de países emergentes e ajude na transição para um modelo mais otimizado.